Materiais:



O livro de José Saramago, "ensaio sobre a cegueira", apresenta-se como uma crítica a falta de empatia humana, sendo assim, utiliza a metáfora da cegueira branca, a qual caracteriza as pessoas que não conseguem enxergar os problemas sociais em seu entorno. Destarte, a obra do escritor se reflete na atual conjuntura brasileira, à medida que a questão dos moradores de rua é um problema preocupante, pois evidencia a negligência do governo, por conseguinte, a questão da invisibilidade social. Em primeiro plano, ser invisível para a sociedade é o fator principal, para os moradores de rua, do descaso do Estado, já que a vida desses mendigos não é prioridade e suas eventuais mortes não causam revoltas sociais. Desse modo, a personagem do livro de Saramago, conhecida por ser uma profissional do sexo, não apresenta nome e utiliza sempre um óculos preto, que faz uma alusão a sua condição de invisibilidade social. Portanto, o resultado de problemas governamentais, com efeito, a falta de preocupação ,para com esses temas, gera indivíduos sem identidades, à proporção que, segundo dados da Secretária de Desenvolvimento Social, 30% das pessoas em condição de rua são desempregadas. Logo, é alarmante o quadro , no Brasil, afinal, o desemprego e a falta de perspectiva de vida resultam em altos índices de sem tetos, além de pessoas que terminam na prostituição, tornando-os apagados na sociedade. Sob essa conjectura, é fulcral a análise histórica do problema dos moradores de rua, dado que sua origem está ligada à revolução industrial, em que a desigualdade tomou conta das cidades, por conta disso, a segregação espacial e o desemprego eram comuns. Dessa maneira, novamente, criam-se pessoas que não conseguem se adequar ao novo modo de vida e acabam, abandonados, nas mazelas das cidades. Assim, esse sistema perdura hodiernamente no Brasil , em tese, é extrema a questão social e é uma reflexão das falhas dos sistemas de produção modernos, que resultam, por fim, em um sistema de seleção natural, análogo ao de Darwin, no qual, nesse ecossistema, apenas os que se adequam sobrevivem. Sob esse viés, é necessário o debate sobre a vida dos moradores de rua. Nessa concepção , faz-se necessário que os Governos estaduais, por meio de projetos trabalhistas , recrutem esses sem tetos para empregos que , inicialmente, não necessitem de qualificação , uma vez que o trabalho abre portas para mudança de vida e, a partir desse consigam especializações futuras. Visando, pois, devolver a dignidade e a identidade, ofuscada, dessas pessoas, consequentemente, combater essas desigualdades sociais que geram o problema dos mendigos.