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Enviada em: 15/06/2017

Durante a República Velha, o governo do Rio de Janeiro, incomodado com a proximidade da pobreza ao centro da cidade, mandou destruir as casas de pessoas menos favorecidas. O resultado foi o aumento do número de moradores de rua e a disseminação de doenças que culminou na Revolta da Vacina. Nesse contexto, observa-se uma situação semelhante de negligência a pessoas desabrigadas, no Brasil Contemporâneo, já que ela acontece tanto por parte do Estado, quanto pela sociedade e é um agravante para o problema.        Antes de tudo, deve-se ressaltar a importância da educação no cuidado aos moradores de rua. Consoante ao pensamento do pedagogo Paulo Freire, que afirma que a educação sozinha pode não mudar o mundo, mas sem ela tampouco isso acontece, o modo como o problema é visto pela sociedade influencia muito. Isso porque a ignorância e a falta de informações levam pessoas a acreditar que grande parte dos sem-teto estão nessa situação porque querem e por não terem se esforçado para mudar de vida, o que não é verdade. Prova disso é que, segundo dados do Governo Federal, cerca de 9% desses indivíduos possuem ensino médio ou ensino superior completos, totalizando mais de 9mil pessoas.        Convém afirmar, também, a presença de um descaso governamental. Durante o governo do francês Napoleão Bonaparte, uma de suas atitudes foi de mudar as pessoas em situação de rua para para abrigos fechados, porém com o único objetivo de "limpar" a cidade. Nesse sentido, uma situação análoga pode ser observada no primeiro semestre de 2017, em São Paulo, quando o prefeito João Dória ordenou a destruição da Crackolândia sem, contudo, prestar auxílio às pessoas que moravam por lá. Assim, entende-se que medidas a curto prazo semelhantes são ineficientes e devem ser substituídas por projetos assistencialistas que possam combater o problema a partir de suas causas.        Fica claro, portanto, a necessidade de haver uma parceria entre o Estado e os setores sociais a fim de cuidar mais humanamente dos desabrigados. Para isso, o primeiro deve investir em programas sociais que objetivem tanto retirar essa pessoas das ruas, quanto oferecer auxílios de moradia, educação, saúde e oportunidades de emprego. Somado a isso, a mídia pode atuar por meio de ficções engajadas, isto é, aplicar a temática em programas como novelas com a finalidade de incentivar a consciência social e a empatia dos telespectadores. Por fim, ONGs, em parceria com associações de bairro, podem oferecer assistência especializada a essa população a partir de campanhas que ofereçam roupas, comida e até apoio emocional.