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Enviada em: 04/03/2018

Jorge Amado, em seu romance Capitães de Areia, narra as peripécias e dificuldades de um grupo de meninos de rua que moram em um depósito abandonado. Porém, longe da ficção, tal realidade, infelizmente, permeia no Brasil. Seja pelo crescente preconceito e até mesmo pelas falhas públicas no tocante às leis, moradores de rua, desamparados, padecem frente ao descaso.       Em primeiro lugar, cabe destacar o comportamento social coletivo perante esse grupo que indubitavelmente corrobora para agravar a problemática. Segundo o filósofo alemão Nietzsche em sua Teoria do Super Homem, o ser superior seria aquele capaz de libertar-se das amarras sociais de seu tempo. Contudo, sob a ótica contemporânea, o homem faz exatamente o contrário ao praticar  a discriminação. Esse comportamento antipático e individualista  aos que moram nas ruas, fazem com os mesmos fiquem exposto a violências, preconceitos e as drogas. Um exemplo que ilustra esse fato, foi uma ação polêmica sob a gestão de João Doria em São Paulo, onde empresas de limpezas jogaram jatos de água nos habitantes das ruas que ali estavam, além do despejo desses para locais marginalizados, como a Cracolândia, região no centro paulista que aglomera dependentes químicos.       Ademais, vale salientar a insipiência das políticas públicas e na assistência social para a população de rua no país. Embora haja a Política Nacional para a População de Rua, muitos locais não a implementaram ou estão estagnados. O Rio de Janeiro, por exemplo, enfrenta dificuldades uma vez que a Política Nacional não foi aderida. Segundo informações da Secretária Municipal a população de moradores de rua triplicada. Já na Bahia, de acordo com o Ministério Público do estado mais de 14 mil pessoas vivem nas ruas sem direitos, já que faltam moradias e auxílios para todos em sua totalidade.        Infere-se, portanto, que a situação é consternadora. Sendo assim, cabe ao Governo Federal efetuar a Política Nacional para a População de Rua regularizando a situação dos estados que não a implantaram a fim de garantir o auxílio social e acabar com a vulnerabilidade daqueles que moram nas ruas. É preciso também que as Secretárias Municipais de Direitos Humanos e Cidadania em parceria com ONGs, ofereça moradia, assistência social e oportunidades de ensino e emprego através de programas sociais e projetos para a inclusão desses em sociedade. E a mídia, deve por meio de propagandas e companhas informativas incutir o respeito e mobilizar os cidadãos nessa luta para suplantar o preconceito perverso. Para que finalmente, consoantes tais medidas, haja dignidade e empatia no coletivo.