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Enviada em: 26/07/2019

Consoante o pensador Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um corpo biológico por apresentar, assim como esse, partes que interagem entre si. Assim, para que esse corpo seja harmonioso, a cooperação deve ser a base da sociedade. Essa ideia, contudo, não vigora na era tecnológica, uma vez que a tecnologia tem sido uma forma autoritária de controlar e vigiar a sociedade. Tal fenômeno ocorre, sobretudo, através da sociedade de controle e da legitimação da vigilância social.    Em primeiro plano, a ilusão de uma maior liberdade com o advento da tecnologia é uma forma totalitária de adestramento social. Segundo o sociólogo Gilles Deuleze, a sociedade hodierna caracteriza-se por sofrer, de maneira quase imperceptível, controle e coerção pela tecnologia. Para esse estudioso, a ilusória liberdade moderna dá-se mediante a facilidade de acesso dos usuários a diversos conhecimentos e produtos. Todavia, tal acesso custa a individualidade das pessoas, já que seus dados e históricos de navegação são vendidos a empresas cujos interesses jazem em promover o consumo. Nesse ínterim, o usuário não nota que o uso excessivo da internet tem o adestrado a consumir produtos e sites que reforçam visões unilaterais de mundo.     Outrossim, nota-se interesses governamentais em legitimar a vigilância social por intermédio da tecnologia. Conforme o jornal BBC, a China possui, em projeto piloto, uma política de Estado cujo objetivo é monitorar os cidadãos chineses, seja pela informação fiscal, seja pelos dados em redes sociais. Deste modo, os habitantes desse país parecem estar em um livro distópico escrito anos atrás - "1984", do autor George Orwell, no qual os cidadãos eram vigiados através das "teletelas" pelo "Grande Irmão". Com isso, por meio da premiação de bom comportamento ("cidadão de bem"), o governo tenta tornar legal a invasão da privacidade e da individualidade de seus próprios governados.     Portanto, depreende-se que as novas formas de totalitarismo na era tecnológica se baseiam no controle e na vigilância social. Para que a individualidade das pessoas não seja mais corrompida, cabe à ONU, em parceria com os órgãos federais de segurança e educação dos países signatários, promover o debate sobre a sociedade de controle e o monitoramento social. Essa ação deve ser feito por meio de seminários e "workshops" com especialistas, intelectuais e militantes do assunto. Destarte, com o fito de conscientizar os indivíduos e manifestar neles o desejo de que o direito à privacidade seja cumprido, tal hiato reverter-se-á, fazendo "jus" à sociedade proposta por Durkheim.