Materiais:
Enviada em: 09/08/2019

As redes sociais possibilitaram o compartilhamento da vida cotidiana de pessoas comuns para  outras, chamadas de seguidores. Todo compartilhamento feito nas redes fica a critério do usuário, dando uma sensação de liberdade de se fazer o quer, quando se quer. No entanto, o sistema de curtidas e número de seguidores criam um ambiente de vigilância em que o internauta pode se sentir coibido ou impulsionado a publicar algo ou não para satisfazer os seus observadores. Esse ambiente pode ser a mais nova forma de totalitarismo na era tecnológica.       Jeremy Bentham, filósofo e jurista inglês, ao estudar o sistema carcerário, desenvolveu a ideia de uma penitenciária ideal: panóptico. Essa cadeia possuiria um formato capaz de ser vigiada por um único vigilante que acompanharia toda movimentação da prisão. Assim, sem saber se estavam ou não sendo observados, por receio e medo, os prisioneiros teriam um comportamento desejado pelo observador. Assim como no panóptico, as redes sociais exigem um determinado comportamento sobre os que as utilizam. Com a diferença que os que ali se expõe podem mensurar através do número de visualizações e curtidas quem são os observadores. No entanto, não há aquela  liberdade de que você publicará o que quer, pois devido as curtidas e comentários, toda publicação é avaliada pelos seguidores e isso gera um padrão do que se é aceito.        Por exemplo,ao ser deixada pelo noivo um dia antes do casamento, Alline Araújo resolveu seguir com o casamento, mesmo sem o noivo, e publicou a cerimônia no seu perfil social. O que gerou muitas críticas e acusações de que a moça tentava se promover na internet. No dia seguinte ao casamento, Alline se suicidou. Embora Alline tenha publicado uma cerimônia de casamento, como muitas mulheres fazem, ela foi criticada, pois para os vigilantes online a atitude da moça não estava dentro do esperado. Logo, isso reitera o fato de que as pessoas expostas em redes sociais podem se submeter a uma sistema característico do panóptico, em que são constantemente avaliadas e julgadas por suas ações. Essa avaliação guia os usuários das redes sociais, a caminhos predefinidos pelos seguidores (os vigilantes do panóptico), com o objetivo de serem aceitos virtualmente e socialmente.       Diante do exposto, o ambiente das redes sociais cerceia o comportamento das pessoas promovendo um totalitarismo comportamental nas redes sociais, pois cria um padrão do que se deve ser publicado, como e quando. Para isso, o Ministério da Educação deve fazer campanhas para que nas escolas se debata sobre o uso das mídias sociais por meio de filmes que abordem sobre bullying e aulas de filosofia que incentivem a reflexão e debate sobre o uso consciente das redes sociais com a finalidade de promover o uso das mídias sem que haja uma ditadura social sobre os usuários.