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Enviada em: 22/08/2019

Totalitarismo e liberdade: uma fração desproporcional.   A década de 1930 marcou-se pela insatisfação da população e o desejo de mudança sobre questões sociais, a ascensão de governos extremistas, ideologias intolerantes e percepções exclusivas da sociedade. Do passado à contemporaneidade, nota-se o retorno de ações totalitárias bem como o desejo de Estados centralizados de governar as liberdades dos cidadãos.   A presença onisciente de um líder, a normalização do fanatismo de pensamento e a propaganda como ferramenta de manipulação ideológica caracterizam um governo totalitário. Desse modo, restringir e direcionar as livres escolhas individuais, como a massiva influência de redes midiáticas, e a utilização da força para repressão desmascara a retomada do queremismo absoluto de um governo. Por exemplo, a propagação de ideias xenofóbicas por parte de partidos extremistas europeus demonstra a clara intolerância para com o outro e, além disso, banaliza, de forma generalizada, o respeito e a dignidade humana. Para Hanna Arendt, a liberdade de ir e vir, de escolha e de autodeterminação é um direito que jamais deve ser distorcido.    Diante dessas constatações, apesar de não haver propriamente um governo hodierno com todas as características de um Estado totalitário, a permanência de abusos governamentais bem como sua influência partidária flutua, ainda, na sociedade. O Brasil, durante o Regime Militar, iniciado em 1964, praticou a intolerância de ideias, a perseguição de opositores e a tortura de forma  autoritária, sem que os direitos individuais estivessem assegurados. Porém, no presente momento, a presença investigativa do governo se dá com auxílio de plataformas digitais e, com isso, obtém a percepção de gostos e afazeres dos cidadãos - visto que essa invasão de privacidade é abusiva para com a privacidade do indivíduo e, de certa forma, não democrática.     Por conseguinte, a era tecnológica traz novas maneiras de controle sobre as escolhas dos indivíduos, seja por meios explícitos ou implícitos. Para reverter esse quadro totalitário faz-se necessário o compromisso do Estado em afirmar e concretizar as liberdades individuais conquistadas historicamente. Desse modo, o governo deve criar órgãos que legitimem a pluralidade de ideias e de expressão, que fiscalizem atos abusivos sobre comportamento humano de empresas e que averiguem a própria ação do Estado, de forma a inibir qualquer ato ilícito e punir legalmente ações que violem esses requisitos. Somente assim o totalitarismo permanecerá apenas na lembrança de futuras gerações.