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Enviada em: 22/07/2019

Em um dos núcleos da obra “O cortiço”, de Aluísio Azevedo, Dona Piedade vê-se entregue ao alcoolismo após seu marido, Jerônimo, a trair. Fora das páginas, muitos são os motivos alegados para o abuso no consumo de álcool, entretanto as causas – em um aspecto macroscópico - tendem a ser as mesmas: a influência da mídia e, principalmente, da família.      Nessa conjuntura, torna-se evidente o papel fundamental da mídia como construtora de hábitos na sociedade contemporânea. Acerca disso, é válido rememorar o discurso do sociólogo Noam Chomsky, que reverbera como a mídia- sendo veículo das grandes empresas – cria necessidades irreais de consumo àqueles que a utilizam. Logo, é inconcebível acreditar que propagandas de cerveja e de outros insumos alcoólicos, na internet ou mídias televisivas, são inofensivas à população, em especial, aos mais jovens.     Além disso, reconhece-se como panorama supracitado é agravado, majoritariamente, pelo próprio núcleo familiar. Diante disso, o filósofo alemão Jürgen Habermas- em seu livro “A teoria da ação comunicativa” – disserta a importância da família na assimilação de costumes, já que, o primeiro engajamento do indivíduo é para com seus parentes mais próximos, que tornam-se exemplos para os futuros comportamentos da criança. Desse modo, muitas são as vezes que o nocivo hábito do alcoolismo é realizado pelos próprios pais, e incorporados, de maneira inspiradora, pelos filhos.     Destarte, medidas precisam ser tomadas para resolver esse impasse. Para tanto, é mister que o Ministério da Educação e Cultura, com apoio do Ministério da Saúde , promova aulas especiais de Sociologia e Biologia, com a presença de discentes e pais, que, por meio de rodas de bate-papo e palestras com profissionais da saúde, visem alertar sobre o poder da influência familiar e midiática e sobre os perigos do álcool para os seres humanos. Para que, dessa forma, histórias sobre o alcoolismo – como a narrada em “O cortiço” – façam parte apenas da literatura de ficção.