Materiais:
Enviada em: 30/07/2019

Em "O Cortiço", Aluísio Azevedo narra a trajetória de Piedade, que , afim de esquecer suas problemáticas pessoais, consome excessiva e constantemente cachaça. No decurso da obra, a personagem adquire dependência química do produto. A narrativa do século XIX alude a uma problemática consoante ao cenário atual brasileiro, o abuso de álcool. O País, que, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), tem um consumo 30% maior do que o mundial, apresenta impasses para enfrentar tal conjuntura, a saber, a incidência do uso precoce de álcool  e a imposição midiática dessa substância.    Em primeiro lugar, o consumo juvenil destaca-se no âmbito de alavancar o abuso supracitado. Segundo a Prefeitura de São Paulo, 55% dos jovens brasileiros entre 13 e 15 anos já consumiram bebidas alcoólicas. Esse índice expressa a colossal incidência desse uso por adolescentes, o qual é, em muitos casos, motivado pela necessidade de aceitação social, bem como pela influência de seus núcleos familiar e social, fenômenos comuns à essa faixa etária. De fato, tais fatores, somados à inexperiência juvenil, culminam no uso precoce de álcool. Esse panorama, é fato, impulsiona o abuso de álcool no Brasil.    Em segundo plano, a mídia é outro ator que estimula o quadro de abuso alcoólico no País. Na série americana "How I Met Your Mother", por exemplo, apresenta-se, em muitos episódios, o álcool como agente essencial à diversão coletiva. Ademais, diversas propagandas televisivas brasileiras associam bebidas alcoólicas, como a cerveja, ao prestígio social. Desse modo, esses meios comunicativos podem induzir seus espectadores, os quais são, frequentemente, passivos à imposição midiática, a consumirem constantemente esse composto. Tal ingestão potencializa o abuso e a dependência alcoólicos.    Em suma, é perceptível que urge alteração no quadro social brasileiro. Nesse sentido, o Ministério da Educação deve, por meio de verba estatal, inserir no cronograma escolar nacional aulas que, lecionadas por médicos e psicólogos, visem demonstrar os perigos relacionados ao abuso de álcool, assim como a imperiosidade de não consumi-lo antes da idade adequada- 18 anos. Paralelamente, o Legislativo deve elaborar leis que obriguem as mídias a inserirem em seus produtos que mencionem substâncias alcoólicas anúncios que desestimulem o consumo excessivo de álcool, a fim de coibir o abuso dessa droga lícita. Assim, poder-se-á estorvar a recorrência de um problema que, dois séculos atrás, foi denunciado pelo naturalista Azevedo.