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Enviada em: 27/04/2017

Brás Cubas, o defunto-autor machadiano, diz em suas “Memórias Póstumas” que não teve filhos e não transmitiu a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. Hoje ele teria bons motivos para justificar tal pensamento, uma vez que a depressão entre adolescentes e jovens brasileiros cresce de forma alarmante. O diagnóstico da doença nesta faixa etária é muito difícil, levando os pais a não procurarem o tratamento adequado para esta grave doença.     Antes de tudo, é preciso considerar que a identificação do problema em adolescentes é um desafio para progenitores e educadores, visto que se confunde com comportamentos comuns na adolescência. Isolamento, irritabilidade, rebeldia, e melancolia são comuns em casos de depressão e em adolescentes saudáveis. 21% dos jovens brasileiros entre 14 e 25 anos têm sintomas indicativos da doença, segundo dados da  Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Sendo assim, um quinto da população jovem de nosso país pode estar a beira da crise emocional e psicológica, e poucos tem a ciência disso.       Em virtude do desconhecimento dos responsáveis, o não tratamento adequado da doença é uma realidade. Evasão escolar, abuso de álcool e até suicídio são riscos graves de uma depressão não tratada, segundo o psiquiatra Fábio Barbirato. Evitar a perpetuação do problema para a vida adulta também é desafio dos profissionais. As consequências sociais futuras de uma sociedade com tal mácula seriam catastróficas.        Fica evidente, portanto, que faz-se necessário o enfrentamento da depressão em seus estágios iniciais. Dessa forma, o Ministério da Saúde deve criar clínicas públicas específicas para o diagnóstico e tratamento do problema, disponibilizando também remédios caso necessário. A mídia propagandista, juntamente com ONG's especializadas devem promover campanhas que alertem o corpo social sobre a gravidade da doença, com ajuda de psicólogos e psiquiatras. Desta forma, Brás Cubas poderia repensar sua concepção sobre deixar um legado.