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Enviada em: 25/05/2017

Coisas de adolescente   A depressão, apelidada como o mal do século XXI, é democrática: atinge todas as faixas etárias e classes sociais. Porém, nota-se que em determinadas fases da vida, tais como na adolescência, há predominância destes quadros depressivos. Tal etapa, repleta de descobertas e dúvidas, é crucial para empoderar-se sobre as escolhas do próprio futuro, mas torna-se, para muitos jovens, seja pela pressão social ou familiar um período de angústia e temor, no qual o maior problema é viver.   A pressão e competitividade, antes enquadradas na vida profissional adulta, estão presentes - cada vez mais cedo - na rotina dos jovens da sociedade vigente. Haja visto, a elevada carga de atividades extracurriculares e a cobrança pela boa performance em um ambiente em que a pressão para ser ininterruptamente feliz é a regra de convívio atual. Além disso, há jovens que tem, precocemente, a responsabilidade de auxiliar financeiramente no sustento familiar, tendo na antecipação das responsabilidades da vida adulta a impossibilidade de viver esse período de autoconhecimento para a construção de sua própria identidade.   Dentre as consequências da doença destacam-se alterações atípicas nos hábitos e na personalidade podendo causar, nos quadros mais severos, o suicídio. Este vem tendo destaque na mídia pelo aumento da divulgação de suicídios de jovens motivados pelo jogo mundialmente conhecido como baleia azul ou pela série ficcional "13 reasons why" que narra as razões que levaram uma adolescente a cometer o suicídio. Ambos, amplamente criticados por motivarem a ação dos jovens, ganham destaque por trazer à discussão um fato pouco abordado pela sociedade: a seriedade que deve ser tratada a depressão entre os adolescentes, uma vez que podem ter sérias consequências.     Infelizmente, é a desvalorização do sofrimento dos jovens, visto ainda como "coisas da idade" por muito pais e educadores que dificultam o disgnóstico e tratamento do doente. A fim de diminuir a incidência dessa doença é imprescindível que as secretarias de saúde municipais, em parcerias com as escolas, invistam em campanhas para romper o preconceito, derrubar mitos, disseminar informações de qualidade sobre o tema, podendo alcançar os jovens por meio de fórum de discussões entre eles, educadores e profissionais da saúde.    Portanto, observa-se que somente pela ação conjunta de diversos agentes da sociedade é que será possível auxiliar os jovens nessa estágio de transição, tornando audíveis os seus sofrimentos. Uma vez que, essa fase - apesar de aterradora - é, sem dúvida, essencial para a construção da individualidade do jovem, a qual resultará no seu empoderamento de decisões do próprio futuro.