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Enviada em: 16/08/2017

Permeada por intensas mudanças físicas, mentais e neurobiológicas, a juventude sempre foi uma fase crítica. Soma-se a isso questões socioemocionais  e o estilo de vida contemporâneo, e o que se constata é o aumento de quadros de transtornos mentais, em especial a depressão, nessa faixa etária. Diante desse cenário, é imprescindível que instituições sociais, como família, escola e entidades de saúde pública formem um grupo coeso e articulado com o propósito de oferecer suporte e alternativas de auxílio a uma população que já é intrinsecamente vulnerável.        Pesquisas atuais mostram que no adolescente, o córtex pré-frontal, região responsável pela racionalização e planejamento, ainda não está completamente maduro. Isso explica porque os jovens tendem a ser mais impulsivos e a apresentarem maior variação de humor. Aliada a essa fragilidade está a necessidade de pertencimento ao grupo e aprovação pelos pares, tão característica dessa fase, e que, muitas vezes, podem levar a atitudes deletérias, como o consumo de drogas e, consequentemente, à potencialização de quadros depressivos.       Outro fator importante a ser considerado é a cultura atual, em que há um excesso de cobranças por alta performance em todos os aspectos da vida. Além disso, a obrigatoriedade de apresentar-se sempre feliz e bem-sucedido é reforçada pelas redes sociais, nas quais, com frequência, se transmite a falsa ideia de que isso é possível, levando àqueles que não conseguem atingir esses padrões a quadros de frustração intensa e mesmo depressão.        Um terceiro aspecto a ser destacado é a influência do bullying e sua ampliação, nos dias atuais, pelo cyberbullying. O meio virtual, pela sua alta capacidade de propagação, possibilita que imagens ultrajantes e ofensas sejam disseminadas de forma rápida e indiscriminada, podendo levar a consequências catastróficas, como o suicídio.        Ao deparar-se com tantos aspectos potencializadores da depressão entre os jovens, constata-se, portanto, a necessidade de atuação em diversas frentes de ação para obter-se a redução desse quadro. À família, cabe a observação atenta e cuidadosa com o propósito de identificar possíveis sinais depressivos e, nesses casos, oferecer apoio e acolhimento, além de procurar auxílio médico e psicoterápico. Já à escola cabe o papel de aliar-se à família na detecção desses sintomas e, sobretudo, funcionar como propagadora de informações que desmistifiquem a depressão e seus tratamentos. Para tanto, iniciativas como oficinas de pais e filhos e rodas de conversa podem ser eficazes. Finalmente, cabe às entidades de saúde pública promover informação, pela mídia, e oferecer tratamento médico e psicológico adequado a esses jovens e às famílias que passam por essa complexa experiência.