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Enviada em: 17/08/2017

A expressão “mal do século” foi utilizada no contexto do romantismo literário, para se referir a uma crise de valores desencadeada durante o século XIX. O pessimismo e o isolamento, assim como a dor existencial, afetaram os jovens e permearam na literatura da época. Na contemporaneidade, as características coincidem com o século da geração “byroniana”, e apresenta como mal do século, a depressão, que atinge um grande percentual de jovens brasileiros.  Conforme a ideia de “modernidade líquida”, criado por Zygmunt Bauman, a solidão é a grande ameaça na modernidade individualista. Para o sociólogo, os valores coletivos foram substituídos pelos individuais, assim, as relações são fluidas e desfeitas com muita facilidade. Como contribuinte para o isolamento, Bauman cita a tecnologia nas redes sociais, onde é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias, o que favorece o isolamento, e consequentemente, a depressão.  Ademais, a falta de acesso ao tratamento e oferta adequada de medicamento, contribuem para a incidência da patologia na população. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, apenas 1,8% do orçamento de saúde é destinado para a saúde mental, além de não existir um programa de prevenção a doenças psíquicas. Consequentemente, sem diagnóstico, os indivíduos desconhecem a necessidade de um tratamento, acarretando um ônus para o sistema de saúde e para a sociedade, como número de dias de trabalho perdidos e custos investidos em doenças secundárias relacionadas com a depressão, como diabetes e problemas cardiovasculares.  Além da interferência tecnológica, somada ao despreparo do sistema básico de saúde, há um outro fator que corrobora com a permanência e o aumento desse mal do século: a pressão social exercida sobre os jovens. A sociedade a qual estão condicionados, exige excelentes resultados escolares, sucesso profissional e ainda, familiar, sem a precaução de compreender os verdadeiros anseios individuais. O estado de stress, portanto, condicionado pela constante busca de cumprir as expectativas externas, favorece ao desenvolvimento de um quadro depressivo.  Conclui-se, portanto, que assim como o mal do século XIX foi superado com uma nova fase da literatura, o Brasil deve agir para reverter sua atual realidade. Para isso, cabe ao governo, primeiramente ao Ministério da Educação, alertar e esclarecer sobre a patologia, com campanhas em colégios e divulgação midiática. É igualmente necessário, investimentos governamentais, por meio do ministério da Saúde, para inserir profissionais habilitados - como psiquiatras -, em postos de saúde, para tratar transtornos mentais e assim, garantir a diminuição da depressão entre jovens brasileiros.