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Enviada em: 04/09/2017

"A natureza fez o homem feliz e bom, mas a sociedade deprava-o e torna-o miserável". A citação do filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau expressa com rigor a depressão, uma doença crônica que mostra-se aparente em todas as faixas etárias e que, entre os jovens, só tem aumentado. No Brasil, a situação é ainda pior: segundo dados da Biomed Central (BMC), é o terceiro país mais deprimido do mundo, o que torna necessária a tomada de medidas para resolver a questão.    Segundo o livro "Modernidade Líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman, há uma substituição de valores coletivos por valores individuais frequente na sociedade, o que acarreta rapidez no processo das relações humanas. De maneira análoga, essa inconstância nos relacionamentos causa solidão no indivíduo, visto que, como não possui alguém com quem conversar sobre seus problemas, isola-se e tem de lidar com eles sozinho, muitas vezes sem o apoio ou conhecimento dos pais acerca do que passam.    Ademais, a banalização e falta de entendimento dos cidadãos a respeito da doença faz com que a vítima não procure ajuda profissional por receio de ser ridicularizada: muitos estigmatizam o depressivo como fraco e dramático, acreditando que ele escolheu estar na condição que se encontra e, consequentemente, é o único capaz de reverter esse quadro. A necessidade de modificar tal ponto de vista mostra-se em uma pesquisa feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ser evitados se houvesse mais atenção e informação de quem está próximo.     Em virtude dos fatos mencionados, o Ministério da Saúde deve oferecer tratamento psicológico no Sistema Único de Saúde (SUS), com a inserção de psicólogos e psiquiatras, destinando mais verbas a essas áreas. Além disso, a mídia deve abrir espaço a esses profissionais para que conscientizem a população em geral sobre a depressão, por meio de entrevistas e reportagens nos jornais e na TV. Os pais, por fim, devem estar atentos ao comportamento de seus filhos e oferecer apoio quando necessário. Assim, criará-se um mundo com mais empatia e a afirmação de Rousseau, afinal, não será aplicável de forma absoluta à realidade brasileira.