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Enviada em: 22/09/2017

Mal do século        John Locke, em um de seus escritos, afirmou que, ao viver em sociedade, o indivíduo é impulsionado a se moldar aos seus contornos. Em um mundo capitalista, onde impera o lema de que tempo é dinheiro, os cuidados com a saúde mental estão perdendo espaço para o crescente desejo de produtividade. Desse modo, surgiu a problemática do aumento da depressão entre os jovens, que, além de se encontrar intrinsecamente ligada à realidade do país, se mostra consideravelmente nociva à vida em comunidade.          Em primeiro plano, segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a modernidade sólida está cedendo espaço para uma época de inconstância e volatilidade. Nesse sentido, os jovens são o grupo etário que melhor reproduzem a lógica da rapidez em que os processos e relações humanas se dão, ao buscarem atingir seus objetivos de maneira cada vez mais instantânea, seja com relacionamentos saudáveis, seja com uma boa imagem profissional. No entanto, boa parte dos seus propósitos podem não ser conquistados de forma rápida, exigindo o tempo e a paciência que eles não estão dispostos a dar. Diante desse impasse, muitos jovens brasileiros estão desenvolvendo quadros de depressão por conta da frustração e ansiedade de não conquistar imediatamente o que se deseja.         Outrossim, destaca-se o desconhecimento da população em relação à doença como um dos impulsionadores do crescimento exponencial de portadores. Tal perspectiva ocorre pois o Poder Público disponibiliza pouca informação sobre a patologia, de modo que as pessoas não deem o devido valor e importância para a depressão. Com isso, cada vez menos pessoas se sentem estimuladas a procurarem ajuda e cada vez mais a doença cresce de maneira silenciosa no meio social.              Torna-se perceptível, por conseguinte, que o Brasil deve lutar para alterar seu atual panorama. Para isso, a mídia deve abrir espaço para os psiquiatras e psicólogos, em horário nobre, discutirem os mecanismos e sintomas da doença, a fim de esclarecer a população de modo geral. Ademais, as ONGs e as instituições religiosas podem oferecer auxílio psicológico e espiritual a esses jovens, por meio de eventos de ampla divulgação em redes sociais, com fito de dar base existencial e mostrar novas possibilidades. Por fim, o Governo Federal deve fornecer tratamentos psiquiátricos, inserindo um maior número de profissionais dessa área do SUS, através da redistribuição das verbas da saúde, para resolver a depressão como uma patologia. Dessa forma, quem sabe,  os efeitos desse mal do século possam ser gradativamente mitigados.