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Enviada em: 20/10/2017

Durante a fase romântica da literatura brasileira despontaram escritores caracterizados por uma visão pessimista e bucólica do mundo, inaugurando uma geração que ficou conhecida como "Mal do Século". Entretanto, o aumento de números de casos de depressão e ansiedade, principalmente entre os jovens, faz com que o mal do século XXI ainda seja o mesmo apresentado por Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu no século passado. Notoriamente, a depressão já atingiu estados de epidemia, prejudicando atividades básicas e a convivência em sociedade de milhões de pessoas em todo mundo. Desse modo, é essencial reconhecer o impacto da pressão exercida pela realidade contemporânea sobre os jovens e o desconhecimento ou negligência como fatores desencadeadores do transtorno. Assim, será possível investir em políticas públicas que melhorem a saúde mental da população.       Não se pode deixar de citar, a modernidade líquida, defendida pelo magistral sociólogo polonês Zigmunt Bauman, descreve com exatidão a juventude atual. Sem dúvida, a efemeridade das relações e o individualismo tornam os jovens sedentos pela conquista de seus objetivos imediatamente, sem oferecer o tempo e a paciência necessária para a realização de tais feitos. Além disso, o conceito de felicidade explanado pelas indústrias culturais, caracterizado pelo consumismo e status, corrobora a ideia de incapacidade e decepção experimentada pelos jovens. Por conseguinte, estados de melancolia e ansiedade, aliados a predisposição genética, podem desencadear casos de depressão.       Outrossim, segundo dados da OMS, o Brasil é o pais da América Latina com mais casos de surtos depressivos. Assustadores 5,8% da população sofrem com o transtorno. Em conformidade, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Todavia, a doença ainda é vista com certo distanciamento e preconceito, e a falta de informação e conhecimento mostra-se como um entrave no tratamento correto. De fato, grande parte dos sujeitos acometidos pelo distúrbio não procuram ajuda médica e enfrentam a banalização do tema. Observa-se continuamente comentários pejorativos, relacionando-o a comportamentos exagerados e comodismo.        A partir do exposto, torna-se evidente a necessidade de tratar a depressão como o verdadeiro problema de saúde pública que ela é. Consequentemente, é essencial que os Ministérios da Saúde e da Educação trabalhem juntos, promovendo palestras, debates e monitoramento de alunos através de psicólogos e pedagogos, visando propiciar maior conhecimento em torno do tema e amparo aos jovens depressivos. Ademais, os meios midiáticos, detentores de alto poder persuasivo, devem promover o acesso a informações referentes ao transtorno, desmistificando o tabu existente em torno do tema.