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Enviada em: 13/02/2019

Sob a perspectiva antropológica de Claude Levi-Strauss, pai do estruturalismo, é necessário entender o mecanismo funcional de um corpo social para obter uma compreensão profunda dele e de seus conflitos. Nesse sentido, a problemática do aumento de doenças sexualmente transmissíveis entre os jovens brasileiros, lamentavelmente perceptível no cotidiano nacional, instiga a sociedade a refletir sobre os fatores que favorecem esse revés. Assim, é lícito afirmar que, o Estado, com sua ineficiência administrativa, além do conservadorismo de grande parcela dos núcleos familiares, colaboram para a perpetuação desse quadro.        Convém ressaltar, antes de tudo, que é ingênuo acreditar que o Governo cumpre seu papel no que se refere à questão. Apesar de existir, de fato, ações preventivas, como a distribuição de preservativos e campanhas publicitárias veiculadas na grande mídia, em especial, no carnaval, apenas medidas pontuais dessa natureza são incapazes de por um fim ao transtorno, visto que, é nítido ainda faltar apelo real para o jovem sentir-se sujeito responsável pela mudança desse cenário devastador. Destarte, é possível constatar que as políticas públicas estatais não chegam de forma eficaz ao público-alvo. Prova disso é seis em cada dez jovens entre 16 e 24 anos ter feito sexo sem preservativo, segundo a pesquisa PCAP divulgada em 2016.       Outrossim, não há dúvidas de que a postura conservadora de parte das famílias no país contribui para o impasse. O sexo, considerado tabu em muitos lares, não é assunto comum entre pais e filhos, visto que, há a ideia equivocada de que o debate sobre educação sexual estimula o início de uma sexualidade precoce. Tal concepção é retrógrada, leva à desinformação e, consequentemente, a um comportamento de risco. Sob esse aspecto, John Locke diz: ''O ser humano é como uma tela em branco que é preenchida por experiências e influências''. Desse modo, percebe-se que, à medida que o indivíduo não é estimulado a uma discussão relevante para sua saúde, tende a adotar uma atitude nociva, seja ao fazer sexo sem prevenção, seja ao compartilhar itens de higiene pessoal.        Torna-se evidente, portanto, que estratégias são necessárias para alterar essa conjuntura. Para que isso ocorra, o Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Saúde, por meio de um amplo debate entre Estado e sociedade civil, deve inserir a disciplina de educação sexual na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que deverá conter aulas ministradas por professores especialistas e palestras realizadas por profissionais da saúde, como médicos infectologistas. Somado a isso, tal inserção deve ofertar assistência profissional aos pais e responsáveis, com o objetivo de transmiti-los a melhor maneira de levar o debate sexual para casa. Dessa forma, os jovens terão um vida sexual mais segura.