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Enviada em: 16/03/2019

A propagação de doenças sexualmente transmissíveis remete ao que o escritor Jean Baudrillard abordou em “À sombra das minorias silenciosas”, com a visão de uma sociedade irracional e segregada. Analogamente, a indiferença humana em torno da área da saúde estabelece limites nas relações entre os homens. Essa negligência social afeta, inclusive, a população juvenil. É nesse viés que a problemática do aumento de doenças sexualmente transmissíveis aponta os desvios comportamentais da sociedade nos atuais paradigmas do Brasil.       Em primeira análise, as causas da propagação das doenças podem ser observadas sob perspectivas sociais e humanas, tendo em vista que se tornaram reflexos da perpetuação do individualismo no tecido social brasileiro. A prática de relações sexuais sem camisinha é o principal fator de propagação das doenças sexualmente transmissíveis. Muitos jovens, por acreditarem que não irão contrair as doenças ou por confiarem nos seus parceiros, se relacionam sexualmente sem o uso do preservativo. Dessa forma, percebe-se, na área da saúde, uma falência de ideologias que confirmam a visão de Baudrillard.               Incontestavelmente, o aumento do número de infectados destaca como os indivíduos, de maneira inconsciente, são influenciados pela própria sociedade. É evidente que a falta de conhecimento pode levar a uma maior e mais rápida propagação de doenças sexualmente transmissíveis. É necessário que, na dúvida, os indivíduos realizem exames de testagem. Assim sendo, um diagnóstico rápido permite um tratamento mais eficiente. Sob esse contexto, é certo declarar que a população brasileira apresenta uma completa inversão de valores. Dessa maneira, ao analisar o aumento de doenças sexualmente transmissíveis entre jovens, pode-se dizer que há uma relação de interdependência entre o indivíduo e a sociedade, como teorizada pelo sociólogo alemão Norbert Elias.          Fica evidente, portanto, que os preceitos elementares entre indivíduo e sociedade, assegurados pela teia de interdependência de Elias, devem ser explorados de forma que a população brasileira adquira novos valores de cidadania acerca de doenças sexualmente transmissíveis. Nessa perspectiva, faz-se necessário que o Ministério da Saúde –em parceria com instituições privadas- promova a criação de vídeos e de enquetes, por meio de plataformas digitais, com discussões e debates desenvolvidos por profissionais da área sobre a importância do uso do preservativo, de forma que a Educação Social desperte a preocupação e o conhecimento da população, já que se observa uma alteração nos padrões sociais brasileiros. Afinal, segundo o autor norte-americano Skinner, a educação sobrevive mesmo quando todo o resto aprendido é esquecido.