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Enviada em: 07/03/2019

O insigne filósofo Platão elucida o homem ignorante como vítima das próprias ilusões. À luz de tal eloquência e frente à perspectiva de aumento de incêndios nas matas brasileiras, motivadas sobretudo pelo crescimento do agronegócio, nota-se a falsa sensação de progresso como responsável por variados efeitos comprometedores da condição socioeconômica e ambiental do país. Desse modo a necessidade de reversão do persistente infortúnio exige vigorosa mobilização social.   Em primeira análise, a interdependência dos diversos setores do corpo coletivo potencializa os efeitos das possíveis problemáticas. Dentro da perspectiva abordada, insere-se a comparação entre as queimadas promovidas durante o período Brasil Colônia, quando os portugueses buscavam viabilizar o povoamento, e o hodierno contexto de expansão da fronteira agrícola, principalmente na região do Arco de Fogo, que se torna mais deplorável diante da abundância de terras já disponíveis e dos relevantes, porém pouco considerados, efeitos socioambientais econômicos, a exemplo do comprometimento das comunidades indígenas remanescentes, do ar, do solo para agricultura e da biodiversidade dos ecossistemas brasileiros, fonte de vida e aprimoramento cientifico. Destarte a amplitude dos impactos da problemática em questão comprovam a necessidade de engajamento dos cidadãos para alcançar a mudança.   Em segunda análise, a intensificação do capitalismo alterou significativamente as relações do homem com o corpo coletivo e com a natureza. Nessa ótica, a sociedade brasileira insere-se em uma situação paradoxal oriunda da sobreposição do interesses materialistas às causas humanitárias e ecológicas, haja vista a participação de conferências ambientais, como a Rio+20, e a utilização de técnicas de sensoriamento remoto não implicarem a minimização dos focos de incêndio nas matas nacionais. Dessa formas, a persistência da problemática revela, através do predomínio do interesse econômico dos grandes fazendeiros e comodismo dos demais cidadãos, a modernidade liquida oriunda, segundo Bauman, das relações contemporâneas.   Portanto, diante dos aspectos conflitantes relativos ao aumento de incêndio nas matas brasileiras, é mister a mobilização do Governo como ator social nacional. Para tanto, cabe ao IBAMA a orientação dos brasileiros acerca da problemática em questão, pois essa é a forma mais eficaz de desestruturar a ignorância elucidada por Platão. Tal ação deve efetivar-se por meio da divulgação de telefones para denúncia dos focos de incêndio e dos impactos negativos deles, em campanhas sociais periódicas, com o objetivo de combater o comodismo e a desinformação nacional.