Materiais:
Enviada em: 22/08/2019

O dia virou noite. O fenômeno que trouxe a escuridão na tarde de inverno em São Paulo relembrou o último eclipse solar que ocorreu há pouco tempo nos andes chilenos, mas a explicação para o ocorrido na cidade paulista não tem nada relacionado com a dança dos astros. Diante da explosão de incêndios na região amazônica, a combinação da densa fumaça com uma frente fria enviou à cidade uma espécie de cobertor que bloqueou praticamente toda a luz diurna. Nesse sentido, uma reflexão sobre a nocividade do aumento de incêndios nas matas brasileiras mostra-se importante em virtude dos últimos acontecimentos.    Em primeiro lugar, é válido ressaltar as consequências das queimadas à manutenção dos ecossistemas biológicos. Em face dos constantes ataques às instituições ambientais, o posicionamento do atual governo inviabilizou a autonomia desses orgãos na fiscalização e aplicação de multas contra as queimadas. Dessa forma, evidenciou-se um aumento estrondoso no crime, que, de acordo com o portal de notícias G1, subiu 82% em relação ao mesmo mês do ano passado. Assim, o avanço dos incêndios florestais não só colabora para a destruição da diversidade biológica, como também para o aceleramento das alterações climáticas, como a que aconteceu em São Paulo.       Ademais, o processo de queimadas também é fator de preocupação em relação à saúde humana. Com a queima de matéria orgânica, há a liberação de partículas tóxicas que contaminam o ar dos ambientes urbanos, levando ao agravamento de doenças respiratórias, maior irritabilidade dos olhos e à baixa visibilidade devido à fumaça. Nesse sentido, a região metropolitana de Boa Vista, capital de Rondônia, tem apresentado altos índices de intoxicação e desidratação com as frequentes queimas que acontecem na região, segundo o relato de entidades locais. Infere-se, assim, que o processo de queimadas é responsável pela intensificação de problemas de saúde e de estruturação, fato que necessita de medidas de combate.      Observa-se, portanto, que o elevamento de incêndios florestais carecem de normas que mitiguem a problemática. Para que seja estabelecida a estabilidade ambiental nos biomas brasileiros, urge que o Ministério do Meio Ambiente, por meio de repasses federais e da adoção de políticas rígidas, devolva a autonomia de orgãos ambientais - de forma a aumentar a atuação do IBAMA e a incentivar o trabalho de Ongs em regiões devastadas. Desse modo, será possível controlar o crime e, ademais, promover a restauração das áreas afetadas com a parceria da população no desenvolvimento de atividades sustentáveis. Somente assim, fazendo valer tal medida, será possível trazer a luz à questão ambiental, que devido aos constantes incêndios, tentam fazer o papel de eclipses ao trazerem a escuridão.