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Enviada em: 24/07/2017

Entre a negligência e o desequilíbrio do ego    O Sistema Único de Saúde (SUS), inaugurado em 1990, é, hoje, uma referência mundial entre os programas que proporcionam equidade no acesso à prevenção e ao tratamento de patologias. No entanto, não obstante dessa forma de política pública, o Brasil ainda enfrenta o aumento do número de pessoas infectadas com doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a Sífilis, a Gonorreia e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Dessa modo, para compreender e enfrentar esse desafio, faz-se necessário analisar tanto a administração estatal quanto o comportamento social.     Por certo, é indubitável que a questão governamental e suas aplicações estão entre as causas do problema. As propagandas públicas além de serem realizadas de maneira periódica, como por exemplo no Carnaval, são pautadas na culpabilização do indivíduo. Nesse sentido, é notória a falta campanhas continuas capazes de abranger todas as orientações sexuais, de destacar grupos com comportamento de risco, sobretudo dos jovens, e de evidenciar o que são, como diagnosticar e como prevenir essas doenças. Além disso, o tema sexualidade é tratado com omissão e preconceito por parte das escolas, haja vista a ausência da disciplina de Educação Sexual na grade curricular dos sistemas de ensino.        Outrossim, segundo o psicanalista Sigmund Freud, a estrutura do mecanismo psíquico é construída a partir do equilíbrio no qual a consciência (ego) deve mediar de forma saudável os desejos instintivos (id) e a censura (superego). Entretanto, a falsa sensação de segurança rompe essa harmonia e contribui para elevar a taxa de indivíduos contaminados com as doenças em questão. A crença de que as patologias estão controladas e que há tratamentos os quais permitem uma vida sem complicações, são exemplos que fundamentam esse sentimento fictício. Assim, as DSTs são banalizadas e as relações sexuais são praticadas, cada vez mais, de forma negligenciada e sem o uso de preservativos, o que contribui para agravar o problema no Brasil.      Urge, portanto, que o Ministério da Saúde, junto às organizações não governamentais (ONGs), realize campanhas contínuas, isentas de preconceitos morais e religiosos, para conscientizar a população, de modo efetivo, sobre a prevenção, a transmissão e o diagnósticos dessas patologias. Ademais, o Ministério da Educação, deve adicionar a disciplina de Educação e Sexualidade na base curricular nacional, para instruir os jovens sobre como iniciar e manter uma vida sexual saudável. Por fim, é imperativo às prefeituras municipais promoverem seminários, para que pessoas que vivem com DSTs, médicos e psicólogos, orientem os brasileiros a respeito dos impactos, das dificuldades e das complicações dessas doenças na vida do indivíduo, de forma a mitigar a falsa sensação de segurança.