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Enviada em: 22/08/2017

Aviões pintados para combate à sífilis.  Nos versos do poeta Fracastoro, Syphilis é um pastor de rebanho grego que desperta a ira divina e é castigado com pústulas pelo corpo. Quando criou o personagem, o autor não poderia imaginar que o nome dele nome seria emprestado à uma moléstia infecciosa. Quase 500 anos depois, o mal provocado por uma bactéria volta a ser motivo de preocupação em conjunto com outras doenças sexualmente transmissíveis (DST's). Entretanto, o ponto chave desse debate é compreender que a inserção prematura do jovem na vida sexual e a falta de suporte para a compreensão dos perigos referentes a ela, têm levado a um aumento do número de infectados por DST's no Brasil.       A priori, é fundamental pontuar que é cultural, ao brasileiro, ter uma vida sexual ativa precoce, no entanto a sociedade parece negar isso, fato preocupante. Nesse contexto, o fácil acesso a informação e a popularização do funk "pesadão" entre os jovens têm como consequência o sujeitamento ao sexo, tema constantemente abordado em tais mídias, logo no início da juventude. Em contraste, a sociedade, de modo geral, hipocritamente enxerga o ato sexual como sagrado tornando-o um tabu e negligenciando a educação sexual, justo no momento onde o indivíduo precisa de maior suporte. Vê-se com isso o aumento de comportamentos preocupantes. Segundo a Pcap, seis em cada dez pessoas na faixa dos 15 aos 24 anos fez sexo sem preservativo no ano de 2013.       Outra questão relevante, nessa discussão, é a ideia de que como a maioria dos brasileiros evita discutir temas-tabu, como sexualidade, isso reflete na postura de órgãos governamentais e das empresas ao realizarem e patrocinarem campanhas publicitárias sobre o assunto. Em vista disso, o tema em questão ganha a devida proporção apenas em épocas festivas como carnaval, em que há um aumento considerável de relações sexuais. Exemplo de toda essa problemática é perceber o apoio que empresas de linhas aéreas deram à campanha do combate ao câncer de mama pintando seus aviões de rosa, mas a incapacidade de se quer imaginar algo do tipo para o combate a sífilis.        Torna-se evidente, portanto, que libertinagem e conscientização são eventos inversamente proporcionais. Nesse sentido, a princípio, é dever da mídia, como agente social, por meio de novelas e programas, evidenciar que a realidade da sexualidade na adolescência é outra, a fim de buscar a quebra de tabus. Além disso, é imprescindível que o governo federal destine parte da verba para a propaganda, não só em épocas festivas, para que haja conscientização da população sobre os riscos, medidas a serem tomadas e precauções acerca das DST's, afinal, sexo sem proteção não é exclusivo a festividades.