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Enviada em: 11/09/2017

Cega consciência      Em sua obra "Ensaio sobre a cegueira", José Saramargo metaforiza a hipocrisia humana em uma peculiar epidemia que embranquece e  invalida a visão de seus acometidos.  No atual cenário brasileiro, essa alegoria pode ser usada para representar a ignorância frente às doenças sexualmente transmissíveis, uma vez que há polarização alta e progresso mínimo em relação à elas. Nesse sentido, percebe-se que o aumento dessas doenças, seja pela falta de consciência, seja pela aparente segurança trazida pelas inovações científicas, cria grande risco à população.    Torna-se importante citar, a priori, a reduzida conscientização, por parte da sociedade, como fomentadora de disseminação dessas enfermidades. Isso porque, no país, embora haja movimentação em relação ao assunto, a devida educação sexual não é formalmente ensinada nas escolas e é raramente apresentada aos setores mais pobres. Assim, como o filósofo Immanuel Kant afirmara, o homem é aquilo que a educação faz dele, e, nesse caso,  sua escassez aumenta a quantidade de enfermos.         Outrossim, a comodidade resultante de os avanços da medicina e da ciência também potencializam a número de casos de DSTs. Isso pois, com a criação de métodos contraceptivos mais eficientes, porém ineficazes contra os vírus causadores de doenças, e pelo ideário de que a gravidez é a verdadeira vilã do sexo sem proteção, muitos substituíram o preservativo - principalmente o masculino- por remédios de altas taxas hormonais que apenas impediriam a fecundação. Esse descaso, associado à baixa conscientização existente na sociedade, fez com que a escola de infectados subisse ainda mais, e, por consequência, elevou, também, o número de mortes.         Torna-se claro, portanto, que o aumento de infectados por DSTs é resultado da crise de consciência e do conforto trazido pelos avanços medicinais. Para que esse quadro seja revertido, é necessária a criação de mais propagandas informativas, feita por grandes redes midiáticas subsidiadas pelo Governo Federal, as quais alertem sobre os possíveis risco das doenças, além de ratificar a importância dos preservativos. Junto a isso, é mister a implantação, feita pelo MEC, da matéria de Educação Sexual na escolas com ênfase nos alunos do Ensino Médio, para que, no futuro, o número de contaminados seja mínimo. Sob esse novo prisma, a cega ignorância será curada.