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Enviada em: 26/09/2017

Cazuza e Renato Russo foram grandes nomes da música brasileira que, na década de 80, morreram devido às complicações da AIDS. Naquela época, as Doenças Sexualmente Transmissíveis eram pouco discutidas e pesquisadas, dificultando evitá-las. Em 2017, é possível ver uma grande mudança nesse quadro, porém, diferente do que se espera, aumentou o número de infectados no Brasil. Com isso, para minimizar a caótica situação, é necessário explorar suas causas: o arcaísmo social e o déficit na educação sexual de jovens.  Deve-se ressaltar que o Brasil permanece conservador perante assuntos sobre a sexualidade, como as DSTs. As raízes religiosas e patriarcalistas que marcaram a formação nacional, sem dúvida, deixaram marcas as quais perduram até hoje. Muitos brasileiros ainda têm receio de realizar simples testes - oferecidos gratuitamente pelo SUS - que podem detectar as doenças sexuais já no seu estágio inicial. Isso se baseia na falsa ideia determinista que a sociedade ainda carrega: infectados ou são homossexuais, ou são "depravados". Bom exemplo disso são os dados divulgados pelo Ministério da Saúde os quais relataram que 67% dos brasileiros tem vergonha em realizar o teste da HIV e da Sífilis. O fato é que, não conhecendo sobre a sua condição, o possível doente passa a infectar outros parceiros sexuais, iniciando um ciclo que toma proporções gigantescas e resulta no caos de DSTs atual.    Além da falsa ideia da sociedade, o jovem recebe pouco ensino qualificado sobre o assunto. O lar e a escola são passos importantes na formação do senso crítico juvenil e, por isso, é nessa hora que questões relativas a sexo precisam ser tratadas. Infelizmente, as disciplinas escolares ou a "conversa com os pais", quando acontece, resume-se a necessidade de evitar a gravidez indesejada e não é ampliada para uma discussão mais informativa sobre as DSTs e suas formas de contágio. Segundo pesquisas do Estadão, sobre o pretexto de já usar o anticoncepcional, hoje é baixíssima a taxa de jovens que usam camisinha - único método de barreira contra as doenças.  O aumento no número de infectados por DSTs no Brasil é, portanto, resultado de uma sociedade conservadora e pouco informativa. Então, cabe ao Poder Público destituir esses arcaísmos mediante a inserção de médicos em propagandas publicitárias na tevê aberta que instiguem a comunicação na sociedade sobre o assunto, além de incentivar o uso da camisinha. Também, cabe às escolas a inserção de disciplinas e oficinas próprias para tratar sobre sexualidade em vários aspectos, como na sociologia, na história e na biologia. Não apenas isso, cabe à família realizar conversas contínuas e produtivas que instruam o jovem sobre as doenças e as formas de evitá-las, ampliando a discussão sobre gravidez indesejada para os problemas das infecções sexuais e os métodos de barreira.