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Enviada em: 02/10/2017

Faça guerra; depois, amor        O instinto mais primitivo do Homo sapiens diz respeito ao ato sexual, como mostrou o filme "Guerra do Fogo". Com representações variadas ao longo do tempo, passando da procriação à satisfação do prazer, o coito encontrou nos dias de hoje, especialmente no Brasil, um de seus maiores desafios: o aumento das doenças sexualmente transmissíveis (DST's). A complexidade em se combater esse problema de saúde pública está relacionada, sobretudo, à negligência da população com potencial risco de ser afetada e à pouca discussão sobre o tema, ainda tratado como polêmico. Assim, é imperativo que se faça, primordialmente, guerra a essas enfermidades para depois desfrutar do amor.       É válido destacar, antes de tudo, a indiferença com a qual os jovens, principal grupo de risco, lidam com essas doenças. São diversos os casos em que os adolescentes, não querendo "quebrar o clima", recusam utilizar a camisinha, acessório fundamental na prevenção das DST's.  Essa perda de medo também está ligada a falsa ilusão de que a sífilis ou até mesmo a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) só acometem os outros, nunca o próprio indivíduo. Por conseguinte, não raramente essa parcela sexualmente ativa é infectada e, sem saber, transmite a patologia a seus parceiros.      Cabe salientar, também, que a sexualidade ainda é tratada como tabu pela sociedade. No Concílio de Trento, durante a Idade Moderna, a igreja definiu a maneira como um casal deveria manter relações sexuais, fugindo de debates sobre a questão. Séculos se passaram e ainda hoje se evita uma discussão ampla sobre o assunto mesmo diante da clara necessidade de fazê-lo, uma vez que a iniciação da vida sexual vem se tornando cada vez mais precoce. Perante esse quadro de quase censura, é comum que os mais novos busquem informações sobre relacionamento sexual não com especialistas da área, mas com amigos, que boa parte das vezes aconselham baseados no "sexo inseguro", sem preservativo. Desse modo, o ciclo das DST's nunca é rompido.    Fica evidente, portanto, a necessidade de enfrentar o problema focalizando, principalmente, nos componentes sócio-culturais. Para tanto, a mídia, especificamente os setores vinculados a apelos visuais como a rede televisiva e os outdoors, deve trabalhar com a conscientização da população acerca do perigo real das patologias sexuais, usando com tal fim, campanhas publicitárias com imagens fortes que retratem bem as consequências do "sexo inseguro". Cabe, ainda, à escola a função de aproximar a discussão sobre sexualidade da sociedade, promovendo palestras e aulas dedicadas a esse propósito especialmente ao ensino médio. Dessa forma, a guerra contra as DST's poderá, enfim, ser vencida e o sexo, apreciado.