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Enviada em: 29/09/2017

Membro da Escola Paulista de Medicina, a dermatologista Valéria Petri reconheceu, em 1982, o primeiro caso de Aids brasileiro. Essa descoberta promoveu, nas décadas posteriores, o desenvolvimento de estudos relacionados à prevenção e tratamento desta e de outras doenças sexualmente transmissíveis presentes no país. Desse modo, o bem-estar dos pacientes melhorou, mas, no Brasil hodierno, conforme o Ministério da Saúde, o número de infectados por DSTs permanece crescente. Nesse contexto, entre os fatores que contribuem para a problemática é possível mencionar a ação das instituições midiáticas e educacionais.         A priori, deve-se reconhecer a influência dos educadores na formação dos indivíduos. De acordo com a teoria existencialista de Jean-Paul Sartre, o ser humano não nasce pronto e tem, dessa forma, a possibilidade de se construir. Nesse sentido, por meio do debate acerca das doenças sexualmente transmissíveis e das opções disponíveis de prevenção, as escolas contribuem para a construção de jovens com senso crítico fortalecido. No entanto, devido a inexpressividade dos diálogos apresentados nessas localidades, o descaso com a questão persiste entre esse grupo.         Em paralelo, os veículos midiáticos, como destaca a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO), são mecanismos que influenciam no senso crítico da população. Assim, por meio de campanhas nacionais, frequentemente elaboradas em parceria com o Estado brasileiro, há o estímulo ao uso de “camisinha” e de realização periódica de testes médicos. No entanto, a abordagem realizada, em uma tentativa falha de aproximação com o público jovem, utiliza elementos irreverentes que não refletem completamente a seriedade do assunto. Assim, para que a difusão de noções preventivas seja eficaz, torna-se necessário modificar o atual modelo publicitário seguido.         Destarte, transformações são requeridas nas abordagens realizadas pela mídia nacional e pelos centros de educação, a fim de minorar a incidência de DSTs entre os brasileiros. Para tanto, as instituições de ensino primário e médio devem abordar, por meio de palestras com psicólogos, médicos, antropólogos e biólogos, a questão da sexualidade como algo inerte ao ser humano, como destacou Freud, mas que requer precauções. Essas medidas preventivas podem, ainda, ser abordadas de modo aprofundado através da disponibilização, por parte da Secretaria de Educação, de cursos de educação sexual – que devem ser facultativos em respeito às crenças individuais. Por fim, é primordial que as campanhas publicitárias passem a apresentar maior caráter imperativo através da exposição, no âmbito televisivo, por exemplo, de relatos reais de pacientes infectados, além da participação de influenciadores digitais, como “YouTubers” e “Instagramers”, na divulgação das campanhas.