Materiais:
Enviada em: 29/07/2018

No Brasil contemporâneo, o carnaval não apenas deve ser visto como uma manifestação popular e cultural, mas também como um símbolo da nacionalidade e identidade brasileira. Embora tenha a sua origem na Europa, o carnaval ganhou no Brasil novos significados, quer seja no âmbito turístico, social ou ainda do entretenimento. Contudo, há que se notar que, na prática, não ocorre uma representação verossímil, gerada por seu distanciamento democrático e mercantilização.  Em primeira análise, pode-se observar que foi no período colonial que iniciou-se a história do carnaval no Brasil, praticada por escravos. Desse modo, com o passar do tempo, a manifestação popular, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento, de tal forma que tornou-se perceptível a sua elitização. Segundo os sociólogos Adorno e Horkheime, a produção cultural passou a seguir os moldes industriais, consequentemente as artes se tornaram produto de consumo, possuindo preços e mercados consumidores específicos. Assim sendo passaria a existir uma espécie de elitização da cultura, alterando, portanto, o público alvo do carnaval: povo. Tal cenário, configurou uma consequente exclusão dos verdadeiros protagonistas da festa. Ademais, o distanciamento das massas frente a cultura corrobora uma sociedade excludente e uma Constituição contraditória, haja vista o seu princípio de isonomia. No que tange a essa problemática, têm-se hoje um financiamento público e privado que visam o enriquecimento em detrimento das manifestações culturais, a exemplo do carnaval, o qual passou por um processo de espetaculização particular, na qual roupas caras, ingressos e zonas especiais com preços exorbitantes excluem a camada social menos favorecida. Com efeito, é preciso procurar, nas ideias do filósofo Aristóteles, o argumento para a compreensão daquele problema, visto que para ele a política deve ser usada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio ou ainda a igualdade sejam alcançados na sociedade. Em verdade, é preciso observar o princípio da isonomia como uma aplicação social imprescindível.  É necessário, portanto, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) trabalhe junto ao Ministério da Cultura e ao Governo com desígnio à proteção da identidade brasileira. Para tanto, o IPHAN por meio de palestras, eventos e divulgações, deve visar à preservação da cultura material e imaterial no Brasil. Ademais, o Ministério da Cultura, por intermédio de projetos e leis, deve buscar um maior acesso à cultura pelo povo. Outrossim, cabe ao Governo Federal, mediante as leis, estabelecer um valor fixo e acessível aos desfiles das escolas a fim de trazer de volta a verdadeira essência do carnaval, além disso, cabe também assegurar o festejo do carnaval por todos sem que se sintam excluídos, com finalidade de buscar a autêntica igualdade social.