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Enviada em: 21/07/2018

Conforme Maquiavel, em sua obra O Príncipe, é muito mais importante para o governante aparentar ser alguma coisa - justo, forte, bondoso, etc. - do que de fato sê-la. Nesse sentido, a incorporação do Carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira no século XXI confere aos cidadãos brasileiros a sensação de estar sob uma liderança que valoriza as raízes deste país e que atende suas necessidades. Dessa maneira, é fundamental a compreensão dos mecanismos utilizados pela elite com o intuito de mudar o foco do olhar desta sociedade para uma ilusão.     Na Antiguidade, durante o período do Império Romano, os imperadores adotaram a prática do pão e circo, que consistia em espetáculos e alimentos aparentemente gratuitos fornecidos ao povo pelos regentes daquela força mundial, com  a finalidade de prevenir que a massa entendesse a mediocridade de sua condição naquele contexto social. Indo ao encontro disso está o Carnaval, que tem se mostrado cada vez mais como recurso utilizado pela aristocracia e para fins da mesma. Tal situação, expressasse nos idos de hoje, a título de exemplo, na não utilização dos lucros - provenientes do turismo que o evento nacional em questão fomenta - em áreas públicas como saúde, educação e segurança.    Todavia, rompendo com a ideia prima de que a culpa cabe apenas aos opressores, é imprescindível trazer à luz do entendimento a parcela de culpa dos brasileiros em estar sob a condição de enganados, uma vez que - cientes das necessidades do país - eles ainda lotam os sambódromos, aceitando o pão e o espetáculo às custas de seus direitos básicos. Este cenário é paralelo àquele criado por Platão em A República, o qual é conhecido por Alegoria da Caverna, em que a pessoa opta por não fazer o árduo, porém necessário, percurso para fora de seu mundo de meias verdades por preguiça, medo e sobretudo conformismo. Assim sendo, existem duas forças que garantem a persistência das consequências da alienação sobre o Brasil: a elite com sua maldosa sagacidade e a massa com sua escolha de continuar contemplando as formas projetadas pelo fogo no fundo da caverna.     Pode-se dizer, portanto, que os mecanismos utilizados pela elite para conferir uma boa aparência ao seu governo estão fundamentados na garantia de entretenimento ao povo, mas sobretudo na passividade do mesmo para com a sua própria situação. Este é um problema que seria resolvido ao convencer a massa populacional da necessidade de mudança do quadro atual. Para tanto, seria preciso que aqueles - como por exemplo professores e alunos - que possuem a consciência  deste óbice, promovessem campanhas - através dos recursos de web -  que visem trazer ao conhecimento de todos esta problemática. Assim sendo, poderia haver no Brasil os mesmos efeitos benéficos da Primavera Árabe - revolução que nasceu na internet - permitindo verdadeiras razões para o Carnaval.