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Enviada em: 22/07/2018

No Brasil contemporâneo, vive-se sob a égide de uma democracia que provém da Constituição Federal promulgada em 1988. A partir desse pressuposto, inscritos em tal conjunto de leis, estão os direitos fundamentais, os quais são descritos no artigo 5º, assegurando, por exemplo, a igualdade e a cidadania a todos os cidadãos. Entretanto, apesar de garantido pela Carta Magna vigente, podemos perceber que a persistência de heranças históricas ajudam na formação do carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira no século XXI, mas está segregando o país. Logo, torna-se necessária maior atenção do Estado e da sociedade para propagar essa tradição em seus aspectos positivos.    Primeiramente, vale ressaltar que o carnaval no Brasil advém do período colonial, no século XVI, com a herança que os afrodescendentes deixaram para as gerações. Nesse contexto, as manifestações carnavalescas surgiram com o entrudo, uma prática dos escravos que mais adiante ajudou na elevação das minorias sociais a partir da participação dessas com as escolas de samba e nas letras das tradicionais marchinhas. No entanto, atualmente, esse festejo popular tem segregado pessoas em um país que se diz igualitário, de acordo com o privilégio da elite nas festas, e existe um investimento em tal comemoração sem uma organização política, que intensifica os gastos públicos.     Nessa mesma perspectiva, caberia lembrar ainda o conceito de "modernidade líquida" do célebre sociólogo polonês, Zygmunt Bauman. Esse teórico, por seu turno, dizia que vivemos em um momento de substituição de valores coletivos por valores individuais. Nesse sentido, as manifestações carnavalescas perderam o objetivo de ser símbolo de uma nacionalidade igualitária. Desse modo, tornou-se um movimento que privilegia classes sociais ricas, já que só elas têm condições de participar das festas caras. Além disso, as manifestações carnavalescas geram lucro, porém não é utilizado para se fazer a manutenção das necessidades básicas da população, como educação e saúde.     Enfim, para enfrentar os desafios de assegurar os direitos fundamentais, principalmente os referentes à igualdade e à cidadania, é necessária uma política que se oriente pelo princípio da responsabilidade compartilhada dos atores sociais, como o Estado e a sociedade. Inicialmente, compete ao Governo, na figura do Poder Executivo, promover políticas públicas, por meio de retorno dos investimentos carnavalescos nas áreas de necessidades básicas, com o propósito de tornar o carnaval como símbolo da nacionalidade brasileira. Por fim, é função da sociedade civil organizada, por sua vez, sensibilizar a população, por intermédio de campanhas nas redes sociais que instrua à comunidade a importância cultural e social que o festejo carnavalesco possui, para que seja possível compreender que a segregação social não só destrói a identidade nacional, mas também as raízes culturais do país.