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Enviada em: 07/07/2018

Culturalmente, em todo o mundo, as crianças vêm sendo considerados símbolos da pureza e da inocência a partir da Idade Moderna. Embora não considere-se mais os pequenos adultos em miniatura, como ocorria na Antiguidade e na Idade Média, essa nova visão não têm poupado os seres inocentes de casamentos arranjados ainda durante a infância e a pré-adolescência com pessoas sempre muito mais velhas que elas. Dessa forma, é essencial que seja discutido profundamente acerca dessa lamentável realidade que atinge crianças em todo o mundo.    Em primeiro plano, é necessário compreender a impossibilidade de se dissociar o casamento infantil da cultura de um caráter machista e patriarcal antes predominante na maioria das civilizações. Isso porque enquanto na atualidade esse tipo de acontecimento é considerado moralmente inaceitável, no passado era tido como algo comum, e até banal. Enquanto esses arranjos tinham motivos diversos, a maioria deles eram realizados para manutenção de alianças políticas e até mesmo para que família pudessem diminuir seus gastos mensais, mandando suas filhas para casarem-se e serem sustentadas por seus maridos. Criava-se, portanto, um ambiente nocivo para essas meninas ao se ignorar o que deveria ser os direitos básicos de todo ser humano, considerando as pequenas mulheres nada além de mercadoria e moeda de troca.   É fato, porém, que mesmo o processo de ruptura desse pensamento que ocorre em todo mundo, com a adoção de medidas legais e até como meta nos Objetivos do Milênio da ONU, ainda não atingiu força o suficiente para minimizar esse tipo de violência. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância, estima-se que 15 milhões de meninas casam-se todos os anos antes de completarem a maioridade atualmente em todo o mundo, a maioria ocorrendo ainda durante a terceira infância e de maneira ilegal. Já na lista de países com os maiores índices estão localidades do Oriente Médio, Ásia, e até mesmo o Brasil e os Estados Unidos. Comprova-se, assim, como a raiz desse problema vai muito além da legislação vigente em um país ou de convicções religiosas: esse cenário dá-se de um cenário, infelizmente, cultural e fomentado principalmente pelas intensas desigualdades sociais existes.    Urge, portanto, a necessidade de medidas para alteração desse quadro lastimável. Em todo o mundo, deveria-se criar programas de incentivos à permanência das meninas nas escolas. Além disso, é importante que crie-se facilitadores de acesso ao sistema de saúde, como unidades públicas em ambientes escolares ou centros comunitários de grande acessibilidade, e auxílios financeiros a pessoas de baixa renda. Espera-se, dessa forma, que seja possível conscientizar toda uma sociedade que expôr nossas crianças a situações nunca é, de fato, uma solução cabível, mas um erro de proporção gigante.