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Enviada em: 13/07/2018

A lógica que oprime não pode ser naturalizada      A construção histórica das relações interpessoais pautada no ideário machista delegou à mulher do século XXI um papel submisso em relação às imposições patriarcais. Dessa forma, o casamento infantil é um fenômeno de proporções consideráveis que está ameaçando a autonomia das mulheres e enrijecendo o machismo nos homens. Portanto, tal prática deve ser alvo de políticas públicas que visem o mapeamento e a proteção das crianças envolvidas.       Assim, sob a perspectiva do movimento feminista, que busca a equidade de gêneros, o papel social da mulher é uma construção baseada em premissas dogmáticas. Porém, muitas vezes, tais premissas são extremamente prejudiciais, por exemplo, a noção de que uma mulher precisa casar para ser bem-sucedida socialmente. Essa noção, além de impor limites materiais à mulher, corrobora com o casamento precoce de meninas acarretando na obstrução da liberdade de escolha de um indivíduo muito novo para acatar um compromisso tão rígido e suscetível de violências.         Esse compromisso, portanto, pode ser encarado como uma imposição perversa que fortalece a manutenção das desigualdades de gênero. Pois as crianças, em tenra maturação intelectual e emocional, ao serem estimuladas ao casamento estão vulneráveis às mazelas do pensamento machista. Contudo, como mostrou a série '' A Máscara que Você Vive'' os garotos também são vítimas das construções sociais, inclusive teriam facilidade para reproduzir a violência como fragmento constituinte do papel masculino. Logo, um casamento precoce pode afetar negativamente tanto a jovem mulher, que sujeitar-se-a aos caprichos da sociedade que a oprime, como afetará os garotos, que muito cedo serão introduzidos na lógica machista, naturalizando-a.         Portanto, práticas como o casamento infantil devem ser monitoradas pelo Estado. Pois são perigosas ao livre-arbítrio de jovens indivíduos e potencialmente naturalizadoras de lógicas que oprimem a mulher. O monitoramento dar-se-a por um programa de assistência social que abrangerá o todo território nacional em busca de casos de casamento precoce e a sua anulação judicial. Além de que o SUS deve oferecer apoio psicológico aos envolvidos. No entanto, visto que a problemática envolve questões de cunho cultural, o Ministério da Cultura em conjunto com o Ministério da Educação deve promover debates lúdicos nas escolas sobre as desigualdades de gênero. Assim, a proteção das crianças, agentes potenciais de mudança futura, estará assegurada.