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Enviada em: 25/07/2018

O Estatuto da Criança e do Adolescente assegura, à mocidade brasileira, o direito à infância livre de maus-tratos e preocupações. Contudo, muitos jovens da nação verde e amarela vêm tendo as páginas iniciais de suas biografias arrancadas por seus precoces matrimônios. Nesse prisma, é crucial colocarmos uma lupa sobre a questão do casamento infantil no Brasil, mirando ações afirmativas que visem preservar a inocência dos pequenos habitantes do solo tupiniquim.     Em primeira instância, é inegável que fatores socioeconômicos atuam sobre a gênese dos prematuros casamentos. Sob tal perspectiva, Carolina de Jesus, em sua obra "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada", ressaltou que moradores de zonas periféricas, pelo inacesso acesso à educação de qualidade, convivem com a concepção de que, ainda jovens, os indivíduos devem formar suas próprias famílias. Acresce-se o fato de que, por encontrarem impasses sociais na busca pela cultura, os jovens casados desconhecem a necessidade do uso de preservativos, corroborando problemáticas como a gravidez precoce e a contração de doenças. Logo, é fundamental uma minuciosa análise, vinda do corpo social, sobre as fontes do casamento infantil na baixa camada social brasileira.       Outrossim, consoante ao poeta Cazuza, "Eu vejo o futuro repetir o passado", a união amorosa na infância não é  uma problemática, exclusivamente, contemporânea. Nesse viés, cabe salientar que, durante o Brasil Império, era comum a oferta de dotes - venda de jovens para conjugação - entre os cidadãos do período. Todavia, séculos se passaram, as ideologias sociais alteraram-se; e casos de casamento infantil são, ainda, recorrentes, explicitando inúmeras falhas de políticas governamentais perante essa mazela. Por conseguinte, de modo controverso a Ferdinand de Saussure, "O tempo muda todas as coisas", o vetor cronológico não foi suficiente à erradicação dos imaturos casórios.       Infere-se, em suma, que medidas cabais devem ser efetivadas à garantia de infâncias felizes aos futuros adultos brasileiros. Destarte, faz-se ponderável que o Ministério do Desenvolvimento Social invista em projetos, como o Bolsa Família, que estimulam a frequência dos jovens a instituições de ensino, haja vista que o acesso à educação é a arma mais eficiente à quebra dos retrógrados valores que perpetuam pela sociedade. Ademais, o Ministério da Educação, em face das escolas públicas, pode investir na contratação de profissionais psicopedagógicos, viabilizando o acesso dos estudantes a conselhos mensais a respeito de delicadas decisões particulares, como a gênese de uniões afetivas na juventude. Somente sob tais pontos de vista, a nação canarinha dará passos mais rápidos na busca pelo fim dos lamentáveis casos de casamentos na fase de maior aprendizagem humana: a infância.