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Enviada em: 01/06/2017

As Lolitas Brasileiras       No livro Lolita, Vladimir Nabokov narra, sob a ótica do pedófilo Humbert, uma história de abuso a uma menina chamada Lolita. Apesar de ser uma ficção, a pedofilia é uma realidade preocupante e, mesmo que existam investigações a respeito, temos alguns desafios para os pais descobrirem quando seus filhos são vítimas.       O pedófilo não é necessariamente alguém distante da criança. Graças as câmeras, vemos mais casos de violência sexual dentro da própria casa, muitas vezes por parentes, babás e pessoas próximas da vítima. Como consequência, as crianças acabam mais expostas já que os pais não desconfiam dessas pessoas e as crianças, na inocência, acreditam ser normal por terem afeição ao abusador, logo não relatam os acontecimentos aos pais. Os danos psicológicos nas vítimas são buracos na autoestima, fazendo-as crer que amor se trata somente de satisfazer ao outro.       Muito comum no Brasil é a normalização da pedofilia enquanto entretenimento. Os cantores de funk mirins, como Mc Melody e Mc Brinquedo, perdem a sua infantilidade em meio ao apelo sexual de suas músicas. Entretanto, essa regularização não se restringe a apenas uma cultura ou classe social. Em meio a elite, muitas mães expõem suas filhas às passarelas e às redes sociais, vestindo-as como adultas. Tudo isso resulta na sensualização e culpabilização da vítima, decorrente de uma questão cultural em que a sociedade costuma entender que a vítima é a facilitadora dos abusos, se tornando a responsável.       A proximidade da família com os criminosos, assim como a regularização da pedofilia no entretenimento se apresentam como desafios aos familiares para proteger seus filhos. Da mesma forma, a falta de conversa, por parte dos pais, dificulta o julgamento da criança de situações inadequadas que poderiam ser denunciadas.       A Constituição garante uma medida punitiva aos pedófilos, classificando pedofilia como crime hediondo. No entanto, ainda se fazem necessárias ações para prevenção e tratamento das vítimas. O Estado deve investir em órgãos responsáveis no tratamento psicológico de vítimas. Dentro de casa, o diálogo é o melhor combate. Alertar as crianças sobre situações suspeitas permite que sejam capazes de julgar e denunciar abusos antes que se agravem. E por fim, os meios de comunicação devem atuar informando as pessoas e conscientizando sobre os problemas na exposição de crianças no funk, nas redes sociais e passarelas, assim como sobre os erros dos pensamentos preconceituosos de culpabilização da vítima.