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Enviada em: 02/06/2017

Brasil surdo e mudo     Na rua, na escola, em casa. São inúmeros os locais onde ocorrem, diariamente, violações aos direitos da criança e do adolescente no Brasil. A cada 80 mil casos registrados, cerca de 20% são de abuso sexual. Estima-se, contudo, que esse percentual seja bem maior, tendo em vista que muitas vítimas optam pela omissão do crime. Diante desse cenário, é preciso compreender que o combate à pedofilia no país encontra-se na quebra total do silêncio, o que ocorrerá somente por meio de uma mudança na mentalidade da sociedade.      Em primeiro lugar, o sexo ainda é encarado pela população como tabu, fazendo com que tanto os pais quanto as escolas pouco debatam sobre tal assunto com as crianças. A falta de diálogo priva esses menores de compreender que nem todo toque é saudável, nem toda conversa é inocente e nem todo adulto tem boas intenções. Assim, por não reconhecerem que são vítimas da pedofilia e por sentirem vergonha ao abordar o tema, muitos preferem o silêncio à denúncia, dando ainda mais liberdade aos abusadores.      Por outro lado, a sociedade também enxerga com certa naturalidade a erotização precoce, que pode ser percebida tanto na internet quanto nas ruas. Nos últimos meses, tornou-se comum o termo "nudes" entre os adolescentes, que seria a troca de imagens de suas partes íntimas nas redes sociais. Além disso, também é recorrente o número de jovens menores de idade que vendem seus corpos na beira das estradas. Embora haja o reconhecimento da existência dessa realidade, pouco é feito em sua relação, permitindo que crianças e adolescentes fiquem ainda mais expostos e vulneráveis à violência sexual.      O combate à pedofilia no Brasil, portanto, começa com uma mudança na forma como a sociedade lida com os temas sexo e erotização infantil, a fim de que a cultura do silêncio seja extinta. Para que tal transformação ocorra, é ideal que o Ministério da Educação inclua nas grades escolares a educação sexual, tanto para crianças quanto para adolescentes, por meio de pesquisas e debates adequados a faixa etária de cada grupo. Ademais, o Governo Municipal deve investir de forma mais ativa no Conselho Tutelar, visando a proporcionar mais proteção aos menores de idade, seja no mundo virtual ou no mundo real. Dessa forma, talvez, a sociedade brasileira passe a ouvir, falar e denunciar, em se tratando da violência sexual infantil.