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Enviada em: 03/05/2019

Na série britânica da Netflix “Sex Education”, a relação entre Adam e Eric, o primeiro ‘valentão’ e o segundo um dos únicos homossexuais da escola é marcada pela violência do bullying. Adam agride, xinga e rouba os pertences de Eric sempre que o encontra. A origem do comportamento ‘valentão’ de Adam advém de sua tendência a compensar o medo e inferioridade que o próprio sente quanto ao seu pai, diretor da escola, promovendo violência contra Eric como válvula de escape, o que corrobora com o ideário de que o bullying advém dos bullys e seus traumas, e que sem o agressor não existiria agressão.    Primordialmente, é importante salientar que o bullying não é uma relação de mão única. Como evidenciado em “Sex Education”, muitas vezes o comportamento agressivo do bully é resultado de agressões, resignações e medos provenientes do âmbito familiar, o que faz que o individuo, nesse caso o agressor em potencial, tenda a “normalizar” comportamentos dessa espécie como algo inerente a ele, reproduzindo-o contra outra pessoa. Essa violência e repressão em questão, provoca danos psicológicos na vítima e em casos mais graves, o sentimento de ódio e necessidade de retaliação contra agressores, dessa forma se estabelece um ciclo de violência.    Ademais, o massacre em Suzano, Grande São Paulo em março de 2019, na Escola Estadual Professor Raul Brasil, configura-se como a mais recente retaliação proveniente de vítimas de bullying e isolamento social nas escolas brasileiras, em que dois ex-alunos arquitetaram a ação violenta com base nos sentimentos de ódio e revolta. Fato que corrobora com a convicção popular que violência gera violência.    Portanto, é mister que o Estado tome providências para superar o problema e melhorar o quadro atual. Ao averiguar os exemplos supracitados, depreende-se as raízes psicossomáticas do problema. Por conseguinte, compete ao Conselho Nacional de Educação (CNE), em vista da ocorrência majoritária em âmbito escolar, designar psicólogos para unidades escolares, por meio de concurso público, para promover uma aproximação entre escola e aluno por meio do diálogo, análise de caso e palestras. De forma a através do aluno conhecer sua realidade e convivência familiar –esfera na qual se origina a violência– tanto da vítima como a do bully, nessa conjuntura, romper o ciclo violento, inibindo a formação de um agressor com o objetivo de mitigar o bullying, exemplificado em “Sex Education” e evitar que vítimas cheguem as vias de fato, a exemplo do massacre em Suzano.