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Enviada em: 07/05/2019

Na obra “Eichmann em Jerusalém”, a autora Hannah Arendt discorre sobre o poder do discurso como propagador da violência. Esse pensamento, vincula – se a realidade brasileira no tocante aos casos persistentes de bullying no país. Dessa maneira, é indubitável que essa situação deve ser combatida de forma mais organizada pela sociedade. Assim, é preciso analisar os fatores que englobam esse cenário.      Primeiramente, é importante notar que o caráter agressivo de alguns jovens persiste intrinsecamente relacionado à lógica midiática. Nesse sentido, a veiculação ideológica, nos filmes, da associação do personagem violento ao elevado status social induz indivíduos menos instruídos a buscarem essa sensação de popularidade por via de atos hostis. Tal conjuntura se relaciona com a teoria da Verdade Relativa do filósofo Protágoras, na qual a pessoa acredita ser verdadeiro aquilo que vê. Desse modo, a falta de discussões nas instituições de ensino para promover o senso crítico dos alunos frente aos esteriótipos criados pelos meios de comunicação corrobora o aumento dos casos de agressão verbal e física.      Ademais, cabe analisar o poder das redes sociais na manutenção dos índices de bullying no Brasil. Segundo a Constituição Federal de 1988, a manifestação do pensamento é livre, sendo vedado o anonimato. Essa restrição, entretanto, não é realizada pela maioria dos internautas, os quais criam perfis anônimos e aproveitam a sensação de impunidade para denegrir a imagem do outro, sem respeitar limites éticos e morais. Dessa maneira, a excessiva burocratização para coibir esse tipo de crime faz com que as vítimas não denunciem o preconceito sofrido e, consequentemente, os insultos praticados ultrapassam a internet e atingem o ambiente de ensino. Assim, as constantes ameaças nos dois meios mais importantes de socialização do indivíduo-escola e redes sociais-levam ao desenvolvimento de conflitos psicológicos do aluno.      Fica claro, portanto, que o discurso propagador de violência, citado por Hannah Arendt, só será mitigado se medidas forem colocadas em prática. Para que isso seja possível, A Polícia Federal, que tem como objetivo fiscalizar maior parte dos crimes virtuais, deve melhorar o funcionamento de sua perícia em relação ao anonimato, por meio investigações mais criteriosas e punições sem direito a fiança , com investimentos que permitam tal desenvolvimento. Espera – se, com isso, diminuir a onda de preconceitos e desconstruir a ideia do modo anônimo como arma para ataques psicológicos, que até então é posta em prática por muitos adolescentes.