No livro "O Cortiço", retrato da sociedade brasileira oitocentista, Aluísio Azevedo expõe os constantes escárnios sofridos pelo personagem Albino, os quais são motivados por esse ter "traços femininos". Ante isso, torna-se perceptível o caráter histórico desses atos "satíricos", que, atualmente, são expressados pelo bullying. De fato, esse tornou-se um problema consoante à realidade brasileira, o que torna essencial a análise de suas causas, as quais inibem seu combate, e consequências. Em primeiro plano, é mister salientar que o pouco estímulo à aceitação da diversidade antrópica nas escolas inibe o combate ao bullying no Brasil. Sob a perspectiva antropológica, a alteridade - que é fomentada pela análise de múltiplas perspectivas humanas- é fundamental na sensibilização dos indivíduos em relação a outrem. No entanto, em muitas escolas, essa característica não é estimulada, já que esses colégios aptam por um ensino tecnicista, em detrimento do contato prático com a diversidade humana. Assim, emerge-se o bullying, pois os alunos, ao não realizar essa conexão, tornam-se intransigentes às divergência humana. Por conseguinte, vê-se, como consequência do bullying, o potencial crescimento de doenças psicológicas. Isso se dá porque muitos indivíduos vitimados por essa ação são, em virtude da não-aceitação coletiva de suas divergências- como cultural ou fisiológica-, isolados socialmente. Esse cenário, pois, é apto para a conjuntura citada pelo filósofo Byung Han: uma comunidade global em que a depressão e ansiedade, motivadas pelo agressivo contato da sociedade com o indivíduo, são recorrentes. Portanto, faz-se fundamental o combate ao bullying. Nesse sentido, as escolas brasileiras devem, por intermédio de verba fornecida pelo Ministério da Educação, realizar, periodicamente, palestras que apresentem a temática "diversidade humana". Tais eventos devem conscientizar os alunos da divergência física e cultural entres os indivíduos e da importância em respeitá-la. Assim combater-se-á a ação que, como no período Naturalista de Aluísio, circunscreve o Brasil contemporâneo.