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Enviada em: 09/05/2019

No livro "O Cortiço", retrato da sociedade brasileira oitocentista, Aluísio Azevedo expõe os constantes escárnios sofridos pelo personagem Albino, os quais são motivados por esse ter "traços femininos". Ante isso, torna-se perceptível o caráter histórico desses atos "satíricos", que, atualmente, são expressados pelo bullying. De fato, esse tornou-se um problema consoante à realidade brasileira, o que torna essencial a análise de suas causas, as quais inibem seu combate, e consequências.    Em primeiro plano, é mister salientar que o pouco estímulo à aceitação da diversidade antrópica nas escolas inibe o combate ao bullying no Brasil. Sob a perspectiva antropológica, a alteridade - que é fomentada pela análise de múltiplas perspectivas humanas- é fundamental na sensibilização dos indivíduos em relação a outrem. No entanto, em muitas escolas, essa característica não é estimulada, já que esses colégios aptam por um ensino tecnicista, em detrimento do contato prático com a diversidade humana. Assim, emerge-se o bullying, pois os alunos, ao não realizar essa conexão, tornam-se intransigentes às divergência humana.    Por conseguinte, vê-se, como consequência do bullying, o potencial crescimento de doenças psicológicas. Isso se dá porque muitos indivíduos vitimados por essa ação são, em virtude da não-aceitação coletiva de suas divergências- como cultural ou fisiológica-, isolados socialmente. Esse cenário, pois, é apto para a conjuntura citada pelo filósofo Byung Han: uma comunidade global em que a depressão e ansiedade, motivadas pelo agressivo contato da sociedade com o indivíduo, são recorrentes.    Portanto, faz-se fundamental o combate ao bullying. Nesse sentido, as escolas brasileiras devem, por intermédio de verba fornecida pelo Ministério da Educação, realizar, periodicamente, palestras que apresentem a temática "diversidade humana". Tais eventos devem conscientizar os alunos da divergência física e cultural entres os indivíduos e da importância em respeitá-la. Assim combater-se-á a ação que, como no período Naturalista de Aluísio, circunscreve o Brasil contemporâneo.