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Enviada em: 18/05/2019

Destoante da realidade ideal, o bullying é uma forma de comportamento desrespeitoso e altamente preocupante que persiste nos dias de hoje. Nesse sentido, parte do problema está diretamente associado às suas possíveis consequências a quem é agredido, podendo afetá-lo física e psicologicamente. Sendo assim, combater essa situação é um desafio na exata medida em que esse tipo de relação de dominância e subserviência apresenta nuances sutis e é, de fato, de difícil percepção em alguns casos em função das dificuldades em se denunciar o agressor. Por isso, é necessário perceber que se precisam de formas para mitigar esse panorama no Brasil.      Nessa perspectiva, dentre os vários aspectos e resultados do bullying, violência física ou psicológica configurada como perseguição a um ou mais indivíduos segundo definição do Ministério da Saúde, um dos mais relevantes diz respeito à depressão causada pela depreciação, em atos de vilipêndio à dignidade, e até pelo ostracismo, em razão do isolamento da vítima. Por essa lógica, um terço dos adultos depressivos se encontram nesse estado em função direta do bullying na infância ou adolescência de acordo com uma pesquisa realizada pelo The British Medical Journal, revelando, pois, que as consequências psicológicas a longo prazo são reais e representam um grande risco, tanto ao indivíduo vítima quanto à sociedade como um todo.      Outrossim, um agravante dessa realidade tem relação íntima com os desafios para se denunciar a situação para pessoas com poder de solucioná-lo, pois existe envolvido nessa questão o medo do agressor e a dúvida constante se a denúncia resolverá o problema. Nesse viés, o pensador francês Étienne de La Boétie afirma em Discurso Sobre a Servidão Voluntária que, de fato, " a tirania retira do indivíduo a capacidade de falar, agir ou mesmo de pensar" e, portanto, cria um cenário em que um permanece sob subjugo perante o outro motivado pelo sentimento de inferioridade e de submissão. Por isso, um dos principais desafios diz respeito à mudança de postura do agredido e para isso é preciso um acompanhamento profissional especializado.      Destarte, o bullying é no Brasil um desafio real a ser combatido em prol da defesa, inclusive, da dignidade humana. Para isso, o Estado, na figura precípua do Ministério da Educação, precisa permitir às vítimas o acesso facilitado a um acompanhamento psicológico, investindo nas escolas, ambientes nos quais esse tipo de caso é recorrente, para possibilitar a presença de psicólogos e assistentes sociais, com a finalidade de tratar com a devida responsabilidade os indivíduos afetados, impedindo que o caso piore no longo prazo e que a pessoa tenha sua saúde mental intacta. Desse modo, será possível, paulatinamente, melhorar essa realidade e permitir a garantia da dignidade humana.