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Enviada em: 03/06/2019

Publicado no século XIX, ''O Ateneu'', de Raul Pompeia, conta a história de Sérgio e sua vivência no colégio interno. Na obra, o autor relata experiências intensas e traumáticas vividas nos tempos de escola, marcadas ,sobretudo, pelo medo e pela opressão. Nesse sentido, a temática do bullying parece não se limitar apenas ao cenário atual, uma vez que a ocorrência de agressões físicas e psicológicas foi relatada há tempos na Literatura. Entretanto, a coletividade se encontra predisposta à tal realidade, em face de fatores educacionais e amparo tecnológico no meio hodierno.      Em primeiro lugar, essa condição recai sobre o sistema de ensino. Conforme salientado pelo filósofo Paulo Freire, as escolas devem se atentar para as transformações sociais do indivíduo.Nessa linha, segundo a Pense (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar), feita pelo IBGE, um em cada dez estudantes é vítima frequente de bullying nas escolas, que, por sua vez, constituem um cenário propício para a propagação desse problema, seja pela falta de punição ou de medidas preventivas. Esse resultado sugere a necessidade de relações mais fortes entre educadores e pais para que os adolescentes tenham o apoio de que necessitam, acadêmica e psicologicamente.      Ademais, outro atenuante se dá por meio da tecnologia. O anonimato e a facilidade de propagação são pilares que sustentam essa condição e colocam o ''cyberbullying'' como uma das variações mais presentes dessa prática de intolerância. Sob esse viés, o Brasil é o segundo país no mundo com mais casos de bullying virtual contra crianças, conforme veiculado pelo Portal R7. Esse fato se relaciona com o uso crescente dos ''smartphones'' pelos jovens, com acesso gradualmente mais particular, desafiando a mediação dos pais, e consequentemente, dificultando a identificação de riscos.  Assim, a participação da família é imprescindível na percepção e combate a essa adversidade.      Infere-se, portanto, que entraves educacionais e tecnológicos dificultam o combate ao bullying no Brasil. Para reverter tal realidade, é essencial que as escolas atuem de forma a evitar a ocorrência das agressões e identificá-las ativamente, ao capacitar docentes e equipes pedagógicas para a implementação das ações de discussão, prevenção e solução do problema, a fim de orientar os indivíduos sobre como agir, oferecendo aparo psicológico, além de reprimirem atos ofensivos no ambiente de ensino. Quanto ao cenário virtual, é salutar a atuação dos pais, por meio do diálogo com os filhos e orientação sobre comportamentos inadequados, para que eles tenham confiança em compartilhar aquilo que os ofendem. Dessa maneira, tornar-se-á possível proporcionar uma convivência pacífica aos jovens brasileiros.