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Enviada em: 04/06/2019

Em 1970, o sociólogo Pierre Bordieu juntamente com Jean Claude Passeron publicaram o livro "A Reprodução", resultado de uma ampla pesquisa acerca do sistema acadêmico. Nesse contexto, a obra analisa o ambiente escolar e o qualifica como uma eficiente legitimação das desigualdades e imposição de poder, haja vista que reproduz a sociedade e seus valores. Sob esse viés, torna-se evidente que o bullying é uma problemática hodierna. Logo, é importante salientar que, entre os fatores que contribuem para solidificar este quadro, destacam-se o falho sistema educacional vigente aliado à letargia do tecido social.  A priori, é evidente que a ineficaz vigilância e descortino escolar contribui para o aumento do prélio, uma vez que as agressões ocorrem de modo repetitivo. Desse modo, na maioria das vezes, as autoridades não são informadas sobre a violência sofrida pelas vítimas, contribuindo com a sua persistência, principalmente em escolas. Análogo ao exposto, no filme "Bullying: provocações sem limites", Jodi é alvo de agressões físicas e verbais por seu colega Nacho e enfrenta um jogo psicológico que o impossibilita de pedir ajuda. Por conseguinte, o jovem comete suicídio, refletindo uma realidade, infelizmente, comum aos bulinados.  Sob outro ângulo, é notável que a ausência de medidas governamentais está diretamente ligada com a perpetuação de bullying. Consoante a este cenário, de acordo com o já mencionado Pierre Bordieu, a violação dos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, mas em atos que atentem contra um indivíduo, denominando a teoria da opressão simbólica. Além disso, a carência de atenção da sociedade acerca desta hostilidade torna as punições brandas ou inexistentes. E ainda, é cogente ao próprio corpo social a diminuição da gravidade dos casos - quando denunciados - posto que a violência psicológica é taxada como menos grave que a física.  Portanto, o Ministério da Educação, como instância máxima dos aspectos educacionais, deve, com urgência, adotar estratégias psicopedagógicas para evitar a opressão e humilhação de discentes. Essa ação pode ser feita por meio de palestras e simpósios, os quais elucidem a importância do monitoramento de comportamentos hostis, com o objetivo de promover a passividade e denúncias dos agressores no ambiente escolar. Ademais, na tentativa de proteger seus "filhos" e, assim, torná-los menos vulneráveis aos ataques, compete ao Poder Legislativo, por meio da elaboração de leis mais específicas, adotar uma postura mais engajada no que diz respeito ao efetivo controle contra as práticas do bullying. Além de assegurar os direitos das vítimas e instruí-las à procurar ajuda. Por fim, em oposição ao trágico fim de Jodi, as pessoas serão assistidas e a almejada segurança alcançada.