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Enviada em: 22/06/2019

Em "Um Diário da Queda" do escritor Michel Laub, João é uma personagem de sua infância, marcado pela intolerância e vítima de bullying por outros estudantes de sua turma, sob a justificativa de ser bolsista e não corresponder a religião de seus colegas. Assim como João, muitos estudantes brasileiros sofrem com o preconceito dissimulado e injustificado diariamente, suscitando discussões acerca de seus prejuízos às vítimas e seu significado perante a sociedade. Nesse sentido, torna-se fundamental adotar uma postura de repúdio a essa prática funesta, seja por promover efeitos danosos à sociedade, seja por descortinar uma nova forma de violência silenciosa no Brasil.       No que concerne ao primeiro ponto, é válido salientar que o fenômeno do bullying destrói a formação cidadã e viabiliza somente a formação de cidadãos anômicos e danosos. Para elucidar essa questão a psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa, o bullying estimula a delinquência e outras formas explícitas de violência. A partir disso é possível associar a crescente onda de vandalismo e agressões observadas no Brasil com o crescimento desse fenômeno: a formação de cidadãos agressivos e delinquentes deriva dos comportamentos desviantes que passaram a apresentar a partir da prática do bullying. Desse modo, o bullying colabora na formação de fraturas sociais, que, por conseguinte, impede a coesão social e promove a violência e a marginalidade na sociedade que vivencia tal prática.       Já em relação ao segundo ponto, é coerente pensar que a ocorrência do bullying é uma das manifestações da violência simbólica dentro do corpo social. A respeito disso, o sociólogo Pierre Bourdieu cunha o termo "violência simbólica" se referindo a um tipo de agressão que ocorre por mecanismos dissimulados e indiretos, por meio de acordos não conscientes, que causam danos morais e psicológicos profundos. Posto isso, o bullying se revela como uma forma de violência simbólica quando, na fala, a atribuição de valores indevidos e os discursos de ódio, denigrem e violentam a vítima desses insultos. Assim, o bullying leva a uma banalização a visão de desgosto humano, ao tornar um hábito as cenas de agressão dissimuladas, promovendo a erosão dos valores da vivência solidária.       Defronte ao que foi apresentado, cabe uma reflexão acerca das medidas que podem ser adotadas para reverter o cenário de bullying no Brasil. No tocante a isso, é dever das escolas e liceus, em parceira com a família, desenvolver projetos que busquem integrar os jovens e combater a segregação percussora do bullying. Isso pode ser feito por meio de dinâmicas em sala de aula, da integração por meio do esporte, despertando o interesse dos alunos, e de programas como peças e apresentações que envolvam a participação de todos. Tudo isso com o objetivo de promover a inclusão social e combater a discriminação, impossibilitando, assim, a recorrência do bullying nas escolas brasileiras.