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Enviada em: 10/08/2019

Em 20 de abril de 1999, dois estudantes atacaram a escola secundária Columbine, nos Estados Unidos. A tragédia, que deixou 13 mortos e 21 feridos, apresentou o preço do bullying ao mundo. Relatos posteriores demonstram que os criminosos recorreram ao massacre como uma forma de vingança à agressão física, psicológica e verbal sofrida dentro do colégio. Nesse sentido, percebe-se que a exclusão, o preconceito e a intolerância são fatores motivadores para a eclosão de fatalidades irreversíveis. Vinte anos após a tragédia, é evidente a persistência da violência nos estabelecimentos de ensino, seja pela negligência das escolas, seja pela falta de diálogo entre os pais e filhos.        Em uma primeira análise, é preciso considerar o papel das instituições escolares no combate ao bullying. Estudos realizados pela revista VEJA em 2011 apontam que 17% dos estudantes sofreram bullying no colégio. Não obstante, ainda que as agressões ocorram fora das salas de aula, os desdobramentos dessa prática conservam-se evidentes no comportamento dos alunos. Soma-se à problemática, a ineficiência da legislação vigente, que determina apenas a existência de políticas anti-bullying nas escolas brasileiras. Assim, com a ausência de normas específicas, torna-se cada vez mais difícil erradicar as agressões no ambiente escolar. Percebe-se, então, a importância do relacionamento professor-aluno como um canal de identificação e combate à violência escolar.        Outrossim, a ausência de diálogo entre pais e filhos(as) acentua a conjuntura exposta. Em uma entrevista realizada em 1993, o cantor e compositor Kurt Cobain revelou que sofria discriminação por ser magro e baixo. A rejeição, acentuada pelo mau relacionamento com os pais, contribuiu para o vício prematuro de drogas e culminou, posteriormente, no seu suicídio. De acordo com o filósofo grego Aristóteles, “o erro parte da ignorância”. Nessa perspectiva, a desinformação dos pais sobre os conflitos enfrentados pelos filhos dificulta o extermínio do bullying e abre precedentes para o surgimento de transtornos mentais como, por exemplo, a depressão e a ansiedade.        Portanto, é mister que o governo tome providências para amenizar o quadro atual. Na busca pela erradicação do problema, cabe ao poder público a contratação de psicólogos para os colégios e a promoção de treinamentos a fim de que os docentes estejam aptos a identificar e combater práticas agressivas. Além disso, cabe à mídia, por meio de ficções, levar a discussão ao âmbito familiar e mostrar a importância do diálogo como uma medida de prevenção. A escola, em parceria com os pais, deve criar um canal aberto de denúncias de casos de bullying sofridos por estudantes e chamar os pais e os envolvidos na agressão para um debate. Assim, com a mobilização das escolas e da sociedade, será possível combater a violência e impedir novas tragédias como o massacre de Columbine.