Materiais:
Enviada em: 21/08/2019

No livro "O ateneu", o renomado escritor Raul Pompéia retrata a árdua realidade de um internato, marcado por práticas deploráveis de bullying e opressão. Embora engendrada sob um viés fictício, a obra apresenta similaridade com a realidade do século XXI, uma vez que o bullying tornou-se  demasiadamente recorrente nos diversos cenários cotidianos, sobretudo nas instituições escolares. Diante desse contexto deturpado, é irrefutável que o combate ao bullying, embora seja um grande desafio, deve ser efetivado não apenas pelo Poder Público, mas por toda a sociedade brasileira.    Em primeiro lugar, é válido reconhecer que negligência estatal, principalmente na área da educação, corrobora para a perpetuação do bullying no Brasil. Na perspectiva do sociólogo e pedagogo Paulo Freire, a educação detém um caráter libertador, altamente capaz de estimular a reflexão e promover uma cultura de paz. Nessa lógica,percebe-se que em grande parte das instituições escolares - comumente preteridas pelo Estado - o ensino básico é deficitário e não prepara o corpo discente para respeitar e conviver com as diferenças, embora o contato com a diversidade ocorra desde a infância, cooperando, portanto, para o surgimento de ações desrespeitosas e nocivas ao bem-estar físico e psicológico dos indivíduos.Logo, é mister uma reconfiguração no ensino brasileiro, para que esse mal seja combatido.   Em segundo lugar, é imperioso destacar que a letargia da população, principalmente dos familiares, sobre a existência e a gravidade do bullying, surge como mola propulsora para a sua manutenção no territorio nacional. Nesse sentido, a obra cinematográfica "Depois de Lúcia" retrata a rotina da adolescente Alejandra e evidencia o efeitos causados pelo desconhecimento de seu pai sobre os constantes ataques de bullying, dos quais ela é vítima. Paralelamente, a falta de conhecimento dos responsáveis sobre a realidade na qual crianças e adolescentes estão inseridos e sobre os efeitos  que esse mal provoca, como o isolamento e a depressão, dificulta a mobilização social na defesa do bem-estar comum e, consequentemente, a dissolução desse flagelo social.     Desprende-se, portanto, a necessidade de se combater o bullying no Brasil.Para tanto, cabe ao Ministério da Educação erradicar esse problema, por meio do investimento nas instituições escolares, para que possam oferecer um ensino mais completo, com a realização de projetos sociais que debatam a temática de forma lúdica em palestras com psicólogos, e que envolvam não apenas os alunos, mas também os responsáveis, a fim de conscientizá-los sobre a importância da luta contra o bullying  e alertá-los acerca das consequências e das cicatrizes causadas por esse. Dessa forma, o cenário presente no Brasil reverter-se-á e deixará de ser semelhante ao representado na obra de Pompéia.