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Enviada em: 27/08/2018

No filme de animação “Rio” é retratada a trajetória da personagem “Blu”, uma arara-azul, que foi traficada da Mata Atlântica Brasileira e, posteriormente, comercializada nos Estados Unidos da América. Esse cenário lamentável extrapola o universo cinematográfico, invade a realidade brasileira e expande-se, principalmente, devido aos obstáculos em extinguir tal crime. Nesse eixo, deve-se analisar como a sociedade cívica omissa e a pouca eficácia estatal influenciam no combate do tráfico de animais silvestres. Deve-se pontuar, de início, a negligência dos indivíduos civis ao compactuar com a comercialização ilegal de animais como um fator determinante na persistência do tráfico de fauna. Isso decorre, principalmente, do hábito histórico-cultural em naturalizar dito, imposto pelos portugueses desde os primórdios do Brasil Colonial e desse modo, repassado e afirmado ao longo dos séculos entre as gerações, sendo então, banalizado. Consequência disso, é a permissividade social quanto a esse comércio, no que tange a omissão em denunciar e até mesmo a comprar esses animais. Convém ressaltar, também, a ausência de ações realmente efetivas do Poder Público como contribuinte no agrave do tráfico de animais. Tal ineficácia pode ser compreensível, sob a ótica político-administrativa, pela preterição dessa pauta, em detrimentos dos interesses da classe dominante, para que não haja fiscalização efetiva de rodovias e fronteiras do território nacional e assim, viabilizando o estabelecimento de rotas de tráfico de animais no Brasil. Esse paradigma do governo contraria a premissa defendida por Jean-Jacques Rousseau, em “O Contrato Social”, que apontava ao governante a responsabilidade de garantir o cumprimento das leis, na medida em que permite a propagação de uma prática proibida pela legislação. Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios ao combate do tráfico de animais silvestres no Brasil. Visto isso, o Poder Público deve, por mediação do Ministério do Meio Ambiente, deve desenvolver políticas públicas de fortalecimento da fiscalização da extensão territorial nacional, por meio do aumento do efetivo de policiais federais nas rodovias do país – para apreender veículos envolvidos no tráfico –, da instalação de aparelhos tecnológicos, como drones e câmeras – para monitorar as áreas vulneráveis a essa atividade – e da ampliação e divulgação dos canais de denúncia – para que a população possa colaborar com o fim dessa prática. Dessa maneira, histórias como a de "Blu" deixarão de ser uma realidade empírica no Brasil.