Materiais:
Enviada em: 24/05/2017

O Brasil possui uma enorme biodiversidade. Em vista disso, o interesse estrangeiro pela exuberância da fauna brasileira estabeleceu-se já na conquista portuguesa e no âmbito da expansão marítima e comercial europeia, no século XV. Nesse ínterim, inúmeras espécies silvestres tornaram-se alvo da exploração e do comércio ilegal. No que tange essa problemática, em oposição à jurisprudência atual, persiste no país uma visão cultural de apropriação da natureza e falta fiscalização.     Segundo Albert Einstein, modificar a maneira de pensar é a melhor forma de resolver problemas. Não obstante, a sociedade brasileira insiste no hábito, culturalmente enraizado, de tratar animais silvestres como mascotes e bichos de estimação. Para tanto, retira-o de seu habitat, o que contribui com a extinção de espécies, haja vista que pesquisas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) apontam que 90% dos animais morrem pelas péssimas condições de transporte, logo após a captura. Ademais, ao adquiri-los, o comprador fortalece o comércio ilegal de animais nativos, que é a terceira atividade clandestina que mais movimenta dinheiro sujo. Por conseguinte, convém uma transformação cultural a favor da vida selvagem.    Outrossim, a situação é agravada pela ineficácia da fiscalização brasileira. De acordo com a Legislação, a captura e o comércio são criminalizados. Todavia, a aplicação da lei não acompanha o tamanho do problema, que atinge o número de 38 milhões de animais silvestres retirados ilegalmente da natureza todos os anos, conforme dados da Polícia Federal. Esses têm como destino a compra por colecionadores, a biopirataria, os “pets shops” e a indústria da moda. A lógica desse mercado é perversa, visto que privilegia, justamente, as espécies mais vulneráveis e ameaçados de extinção. À medida que esse crime não é combatido, o patrimônio natural brasileiro, assim como a sobrevivência do planeta, é colocado em risco.     Torna-se evidente, portanto, que medidas são necessárias para combater o comércio ilegal de animais silvestres. Nesse aspecto, é fundamental um trabalho integrado das polícias Federal, Ambiental e Rodoviária, mediante ações de fiscalização, com intuito de prevenir e reprimir a captura, transporte e comércio desses animais. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente, IBAMA e ONGs realizar palestras e programas de educação ambiental nas escolas e centros comunitários, a fim de mobilizar a sociedade para não comprar, denunciar e proteger a natureza. Além de promover alternativas econômicas sustentáveis às populações que vivem próximas ao habitat dos animais, para que se engajem na luta contra a caça.