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Enviada em: 05/08/2017

Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que seria apenas uma questão de tempo até o Brasil converter-se em uma nação desenvolvida. Hodiernamente, porém, é provável que Policarpo reconsiderasse sua posição, pois exploração criminosa da fauna, situação muito frequente no país, é um dos aspectos mais lamentáveis que podem existir em uma sociedade. Esse cenário perdura, principalmente, pelo deficitário cumprimento da legislação somado à ganância humana.         Primeiramente, é notório que ineficiência na aplicação das leis está entre as raízes do problema. Conforme disse o francês Armand Richelieu, clérigo e estadista do século XVII, fazer uma lei e não velar pela sua execução é o mesmo que autorizar aquilo que se deseja proibir. Nesse sentido, a simples tipificação do tráfico de animais silvestre como delito penal não é suficiente para cessar essa prática, pois enquanto o crime não implicar na certeza de punição, haverá indivíduos dispostos à comete-lo. Logo, vigiar e punir é a medida que se impõe para reverter essa realidade.         Além disso, a ambição desenfreada é um agente intensificador desse fenômeno. Segundo Mahatma Gandhi, na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não há o suficiente para satisfazer a ganância de alguns. Desse modo, muitos indivíduos subvertem seus valores éticos e morais em busca do lucro que o contrabando de espécies exóticas pode proporcionar. Tal aspecto, longe de ser um inato à natureza humana, é fruto do ideário vigente no Brasil contemporâneo que privilegia o consumo em detrimento à sustentabilidade.         Denota-se, portanto, que comercio ilegal de animais silvestres constitui um sério desafio para o país. Posto isso, é imperativo que Estado e escola atuem para solucionar a problemática. Ao Estado, na figura de Ministério do Meio Ambiente, compete intensificar a fiscalização e repressão aos criminosos, por meio do monitoramento 24 horas a partir de drones e câmeras, objetivando dissuadir e capturar os infratores. Paralelamente, a escola, formadora de cidadãos, deverá adicionar em sua grade de conteúdos o debate sobre a importância da sustentabilidade, com intuito de conscientizar os alunos sobre a importância da natureza frente os bens de consumo. Assim, com Estado e sociedade civil e unindo forças em prol de um país mais justo e humano, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.