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Enviada em: 15/04/2018

De acordo com o relatório da ONG RENCTAS, o tráfico de animais silvestres é a terceira atividade ilegal mais lucrativa no planeta. Nesse contexto, tal atividade ocasiona perda da biodiversidade, desequilíbrios nos ecossistemas e comprometimento dos recursos naturais. Assim, para analisar esse problema em território brasileiro é importante ressaltar a cultura de ter animais silvestres em casa. Bem como, a existência de punições pouco efetivas para os envolvidos nesse tipo de crime.       Em primeiro plano, um estudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) revela que entre 2005 e 2009 cerca de 70% dos animais traficados não saíam do país. Desse modo, é válido correlacionar o hábito cultural de ter animais silvestres como animais de estimação ao alicerce para a existência desse tipo de crime nos dias atuais. Assim, não é coerente rotular o tráfico para o exterior como principal culpado pelo crime, pois ele é sustentado em grande parte pelo comércio realizado no mercado interno. Logo, com relação ao problema, torna-se mais pertinente reconhecer a necessidade de modificar um hábito e impedir a perpetuação dele para outras gerações.       Em segundo plano, a situação de miséria e ausência de políticas públicas nas regiões interioranas favorece o tráfico como atividade para obtenção de renda. Sob tal ótica, é importante perceber que o tráfico encontra espaço na carência de assistência governamental nas regiões interioranas, pois a atividade é realizada em primeira instância pelos moradores locais. Desta forma, não há como pensar em combater o tráfico sem avaliar a situação socioeconômica da população. Assim, semelhante ao tráfico de drogas, o tráfico de animais aproveita a fragilidade das pessoas em situação de pobreza, a lacuna de educação ambiental e ausência de visibilidade das pequenas comunidades para continuar existindo.       Portanto, são necessárias ações educacionais e econômicas para combater de forma eficiente o tráfico de animais. No tocante à educação, as escolas e instituições educacionais devem promover debates e feiras de ciência com questões relacionadas à conservação ambiental da fauna e flora, de forma a cultivar nos alunos e familiares o sentimento de compromisso com o futuro do planeta, bem como, de agentes fiscalizadores e propagadores da educação ambiental. Além disso, os órgãos governamentais em parceria com ONG's podem realizar mapeamentos socioeconômicos das principais áreas de captura da fauna silvestre, para posteriormente implementar atividades de geração de renda de acordo com cada realidade e ações educadoras para a população local. Assim, conscientes do problema e com alternativas de sustento, a população não participará do tráfico.