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Enviada em: 02/05/2018

O século XXI é marcado por um grande mosaico no que diz respeito à configuração familiar. Dois pais. Duas mães. Pai solteiro. Filhos adotivos. Definitivamente, os tempos de “papai, mamãe, titia” parecem ter ficado nos tempos dos Titãs. No entanto, apesar da Constituição Federal brasileira assegurar proteção à família, esses novos tipos de família ainda precisam lutar para serem reconhecidas como instituições legítimas pela sociedade.        Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que, apesar das visíveis mudanças socioculturais, o conservadorismo ainda é latente na população. Em 2016, por exemplo, um projeto de lei denominado “Estatuto da Família” ganhou bastante notoriedade e, se aprovado, consideraria como família apenas a união entre homem e mulher. O que torna ainda mais complexa a situação é o fato de, segundo uma enquete feita no site da Câmara, 53% da população legitimar esse critério. Isso mostra que por trás do famoso discurso “respeito, mas não acho normal” o preconceito é perpetuado.        Tendo isso em vista, é importante reconhecer que o modelo tradicional de família ainda é o mais aceito. Entretanto, essa ideia engessada faz com que as configurações familiares fora do “convencional” sofram com a intolerância e a violência. Essa triste realidade pode ser considerada um fato social que, segundo o sociólogo Émile Durkheim, é um padrão esperado pela sociedade e, que se não seguido, gera uma pressão sobre os indivíduos. Os inúmeros casos de bullying sofridos pelos filhos de casais homoafetivos nas escolas podem comprovar esse pensamento e mostrar que esse é um problema que precisa ser resolvido.        Fica claro, portanto, que o assunto em voga é bastante amplo e seus efeitos são bastante graves. Para dirimir esse problema, o Estado, para fazer valer o que está escrito na Constituição, deve investir em organizações não governamentais, para que estas desenvolvam rodas de conversas em escolas sobre os diferentes tipos de famílias, de modo a esclarecer que o importante são os laços afetivos e não a composição estrutural. Além disso, os meios de comunicação de massa podem produzir comerciais educativos que mostrem a realidade vivida pelas minorias familiares e que estimulem o pensamento crítico da população sobre o preconceito enraizado na sociedade. Feito isso, a população poderá perceber que as famílias não são iguais, e o que muda entre elas é mais que o endereço.