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Enviada em: 26/05/2018

De acordo com a nova definição do dicionário Houaiss, família é um núcleo social de pessoas unidas por laços afetivos que mantém entre si uma relação de solidariedade. Todavia, percebe-se que mesmo com o passar dos séculos e das transformações sociais no Brasil e no mundo, ainda prevalece o medieval conceito de família caracterizado pelo pai, mãe e filhos.      No romance machadiano “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o defunto-autor afirma que, por não ter tido filhos, não transmitiu a ninguém o legado de nossa miséria. Analogamente, considerando o senso conservador e religioso que ainda impera no país, observa-se que é transmitido de geração em geração a concepção de uma família julgada como “normal”. Recentemente, a Câmara dos Deputados resgatou um antigo projeto de lei intitulado Estatuto da Família, o qual legitima apenas a união entre o homem e a mulher como família. Logo, o falso moralismo presente na sociedade tem segregado e ignorado as diversas formas e concepções de família da pós-modernidade.      De acordo com o sociólogo jamaicano Stuart Hall, apesar do homem pós-moderno ser moldado de acordo com a realidade em que vive, ele é capaz de ser aberto as mudanças e transformações do mundo. Nessa perspectiva, com o avanço da sociedade capitalista e as mudanças legislativas a concepção de família deixou de ser calcada em questões religiosas e políticas e passou a ser vista como instituição de afeto. Casais homossexuais, mães solteiras, pais solteiros, casais sem filhos, todos são representações de família, haja vista que são fundamentadas em relações afetivas. Dessa forma, sendo garantidos o direito de escolha e liberdade, as pessoas devem se adaptar as transformações sociais, desfazendo-se de preconceitos e segregacionismos, os quais lesam toda a sociedade.     A família, portanto, é construída através de vínculos amorosos, e sua representação é plural e diversificada. Cabe aos agentes da sociedade desconstruir conceitos arcaicos e que não caracterizam a sociedade brasileira. Em primeiro lugar, a escola como formadora de cidadãos cognitivos pode investir em debates, palestras e aulas interativas que visem naturalizar todas as construções familiares. Ademais, o Estado, juntamente com a mídia deve investir em campanhas, propagandas e uma ficção engajada que evidencie a problemática. Assim, colocando todas as medidas possíveis em prática pode-se garantir a união entre todos que compõe a diversidade da sociedade brasileira.