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Enviada em: 28/05/2017

O conceito de família permaneceu estático desde a Roma antiga até a era renascentista, porém, assim como é compreendido pelo sistema niilista, quando um velho valor morre, é imprescindível a formação de outro para preencher seu lugar. Nessa perspectiva, considerando a extinção do sistema patriarcal, a necessidade de ressignificação do termo família faz-se evidente, o que pode ser explicado por Hegel e exemplificado por estudos e pesquisas.               Ao analisar-se a obra “Princípios da Filosofia do Direito”, de Friedrich Hegel, constata-se que a família é a primeira unidade de coesão social e sua composição baseia-se no sentimento. A partir disso, é possível observar que, mesmo no século XIII, esse conceito já era, pelo menos em tese, suficientemente abrangente para englobar qualquer união regida pelo afeto. Contudo, tal processo era inibido pela sociedade da época, uma vez que seus costumes remetiam à postura medieval. Outrossim, é importante enfatizar que, assim como todo o alicerce da teoria hegeliana, a definição de família deverá mudar de acordo com a ideologia predominante do momento e, visto que o mundo, atualmente, vive um período caracterizado pela liberdade, é esperado que tal conceito sofra mudanças de acordo com esses traços.               Ademais, a premissa de que a homossexualidade dos pais gera impacto negativo na vida dos filhos, principal argumento dos indivíduos que são contra a ressignificação do termo, é errônea. Prova disso é um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa sobre Religião e Casamento, que mostrou que, em 40% dos casos, os filhos são prejudicados pela separação parental. Tal dado torna-se relevante quando comparado à outra pesquisa, realizada pelo Williams Institute, que afirma que a taxa de divórcio entre homoafetivos é até 50% menor quando cotejados com heterossexuais. Desse modo, é possível dizer que, em situações de separação, a relação entre um homem e uma mulher tem, em média, duas vezes mais chances de prejudicar os seus filhos.           Diante dessa conjuntura, a necessidade de ressignificação do termo família fica explícita. Destarte, medidas devem ser tomadas para que o problema seja sanado. Dessa forma, o governo deve modificar leis que impossibilitam o casamento homoafetivo para que o estado possa contemplar todo tipo de união e extinguir os preceitos ultraconservadores implícitos na constituição brasileira. Some-se a isso a veiculação de propagandas, feitas pela mídia, que estimulem a população a mobilizar-se em prol de uma mudança de pensamento, de modo que a ideologia preconceituosa da sociedade dê lugar a uma concepção de liberdade, na qual nenhum indivíduo sinta-se oprimido por um mero conceito.