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Enviada em: 29/06/2017

A Harmonia de Hobbes    Ao longo da formação do Estado Brasileiro, é inegável a forte influência dos dogmas católicos, oriundos do processo colonizador jesuíta, nas atuais relações políticas, econômicas e sociais do país. O reflexo desse fato é a exclusão das mais diversas uniões afetivas existentes do conceito de família, restrito à união conjugal entre um homem e uma mulher e seus descendentes. Destarte, faz-se indispensável entender o porquê dessa questão, a fim de alterar esse pensamento retrógrado e promover a inclusão de outros grupos.    Em primeiro lugar, deve-se citar o caráter conservador da sociedade como raiz dessa questão. Tal fato é exposto em uma pesquisa da Câmara dos Deputados, a qual mais de 60% dos votantes concordam que família é apenas a união entre homem e mulher. É nítido, então o perfil preconceituoso da população e a desinformação quanto aos mais diversos núcleos familiares existentes. Dessa forma, nota-se que é preciso trabalhar a mentalidade do povo para que mudanças ocorram.     Segundo o filósofo inglês Thomas Hobbes, em sua obra “O Leviatã”, o Estado existe para intermediar as relações dos indivíduos em sociedade, com o objetivo de promover a harmonia social. Contudo, é indubitável que a ingerência estatal se constitui como impulsionadora do problema exposto. Ao invés de promover a inclusão, o Estatuto da Família, projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, em seu 2º artigo, reforça a entidade familiar como união entre casais de sexos opostos, contribuindo para a perpetuação desse paradigma. Reforça-se, então, a necessidade de uma intervenção eficaz e inclusiva dos órgãos estatais.  Logo, entende-se que a questão exposta é um problema inerente ao Brasil e deve ser solucionado. Cabe ao Estado, como instituição de poder, em conjunto com os órgãos legisladores, incluir os mais diversos núcleos familiares dentro do conceito de família, através de projetos de leis inclusivos. Ainda assim, é papel da escola, como formadora de valores, ensinar aos alunos quanto a existência de outros tipos de família, por meio de aulas que discutam temas sociais em sala, como sociologia e filosofia. Por mim, cabe à mídia, como veículo de comunicação de massas, por meio de ficções engajadas, incluir esses grupos num contexto social. Dessa forma, é possível que a harmonia social proposta Hobbes se torne real.